sexta-feira, novembro 10, 2006

Vox populi, vox Dei ("Um governo para todos")

Nunca um governo de todos, porque as pessoas simplesmente não são capacitadas para conduzir uma nação com suas decisões, ou mesmo para escolher seus representantes, caso seja esta sua participação. Isto como regra geral. As pessoas buscam seus próprios interesses, ou não possuem a capacidade analítica necessária para entender ações e reações, repercussões, sustentabilidade, ou mesmo qualquer conceito mais complicado do que gosto ou desgosto. O povo em sua maioria existe como o grupo que não possui consciência política, e que, mesmo assim, participa com suas opiniões (que deveriam ser) menos válidas.

A democracia (direta ou representativa) é um sistema falho, e tão injusto quanto qualquer outro, com um agravante: ela irá sempre nivelar por baixo. Ela escolherá sempre um governo tão capaz quanto o povo governado. Nenhum povo será governado melhor do que merece, lembra a velha máxima. E, empiricamente, sabemos que isto é verdade. Vemos corruptos reeleitos, não apenas no Brasil, mas pelo mundo: a democracia não encontra seu problema apenas na conjectura de países subdesenvolvidos, ou abaixo disso. Não, a democracia possui um problema inerente ao seu conceito: um conceito que nivela os direitos de todas as pessoas em uma sociedade.

Mas, as pessoas são diferentes. Elas se diferem em suas capacidades, se diferem em seu caráter, se diferem em muitas coisas, e é apenas injusto que nós façamos questão de garantir possibilidades iguais a todos os cidadãos. Existe aquele conceito por trás da justiça: tratar o igual como igual, e o diferente como diferente à medida de sua diferença.

Não é uma visão autocrática, é uma visão meritocrática, de um cenário onde aqueles com a maior capacidade, usam esta capacidade para melhorar o mundo ao redor para todos. Um cenário onde existiria uma faculdade de política para os futuros governantes do nosso país, e onde as pessoas teriam garantido seu direito de voto apenas se tivessem acesso ao menos ao ensino fundamental, e onde esse ensino fosse realmente para todos: pobres e ricos. Também um cenário onde os políticos tivessem boa fé, e não buscassem dobras no sistema para favorecer a si mesmos, e onde as pessoas em geral tivessem boas noções de cidadania. Em uma ilha muito muito distante, talvez chamada Utopia.

Vox populi, vox Dei? Simplesmente fazer essa comparação, entre o que o povo tem para acrescentar e decidir, com o que Deus tem para acrescentar e quais seriam suas decisões é ofensivo. Estou para ver um pensamento mais demagogo e populista. Dar esse direito aos despreparados, não é dar direito algum: comparativamente, é o que ocorre com a nossa legislação, que só é compreendida e operada por especialistas. Afinal, seria moralmente errado permitir que alguém interferisse nas decisões da justiça e nos destinos de infratores, criminosos, causas judiciais, mas é apenas natural que todos tenham direito a um pitaco no futuro de uma nação, cujo destino é em absoluto mais simples e sem repercussões.
É só a falta de consciência política que faz a maioria das pessoas não perceber que às vezes um beijo nos entrega nas mãos dos romanos.

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