sábado, novembro 04, 2006

Need for speed

O monstro sob o capô ruge, controlado apenas pelos pedais sob seus pés. Os olhos, nervosos, observam o farol acima, aguardando, fixados naquela luz vermelha, como se pudessem torná-la verde com sua vontade. A respiração segue lenta, preparando-se para parar por alguns instantes: parar, porque é menos importante do que a experiência por vir. Dobrar, desdobrar e ultrapassar os limites naturais do homem. Estar além de qualquer mortal, ou fera, e correr pela terra, tão rapidamente, e dominar tão em absoluto a velocidade e cortar o ar, e se fazer como Hermes, e ver como o tempo passa mais lentamente naqueles alguns instantes de imortalidade.

E, o verde, vida do corredor, surge como uma estrela guia à frente.
Ruge o motor, enfurecido. Embreagem/Câmbio/Embreagem/Freio de Mão (...)

Os pneus se desprendem do asfalto por alguns instantes, cantando uma música só deles, até que, repentinamente, eles voltam a aderir ao chão abaixo. A máquina inclina suavemente o seu nariz para cima, finalmente livre, inclinando consigo seu mestre e condutor. O estômago subitamente esfria com a brutal arrancada: todas as coisas se aproximam rapidamente, pequenos movimentos no volante buscam a estabilidade (sempre por um fio). A adrenalina que o percorre, une-se a ele, é como droga transcedental: o corredor vê um novo universo, vê as coisas diferentes que sempre estiveram à sua volta. Os pistões batem freneticamente, como o coração dele. Sobrenatural. Um instante eterno, mas tão fugaz. A chegada, chegamos a ela. Os discos reduzem a rotação das rodas, diminuem a velocidade, encerram a passagem. Fôlego, fôlego. Foi tudo muito rápido...

...Talvez, com algumas mudanças no mapeamento da injeção, alteração para pistões e bielas forjados, e instalando algum sistema de sobrealimentação do motor, consigamos ser muito mais rápidos. Preciso de uma dose maior.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fala, Fabião... Estava eu navegando por aí e resolvi visitar o blog. Alto nível, heim doutor?! Parabéns. Belos textos. Abraço!

Anônimo disse...

Hum...aposto que é daqueles textos que você adoraria ser o personagem principal...rs