sexta-feira, maio 02, 2008

Uma questão matemática


Se a relação entre as intervenções externas e intervenções internas é capaz de redefinir cada pequena variável de forma quase aleatória, neguemos a existência de constantes, e reconheçamos que todo o sistema é variável. É dessa forma que eu enxergo que tudo é formado entre possibilidades: de sucesso ou fracasso; de amor, amizade, indiferença ou ódio; possibilidades em todos os lances de um tabuleiro infinito.

Diria algumas coisas importantes neste nosso mundo de muitos fatores:



DA AMIZADE

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Apesar do que possa parecer, as pessoas não são equitativamente divididas em:

Bons amigos, amigos, conhecidos, desconhecidos, inimigos, arquiinimigos.

Os amigos representam muito menos do que 1/6 da população mundial. Na realidade, representam muito menos do que 1/6 do convívio de uma pessoa comum. Os bons amigos, então, existem em proporção ainda menor.



DO AMOR

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Estatisticamente, a chance de uma pessoa encontrar alguém bonito, interessante, inteligente, sexy e bem estruturado (emocional, familiar, e economicamente) é baixíssima. Mais baixa, ainda, é a possibilidade de relacionamento afetivo/amoroso. Claro, se imaginarmos, hipoteticamente, que:

As pessoas bonitas correspondem a 1/5 da população

As interessantes a 1/5

As inteligentes a 1/10

Sexys a outros 1/5

E as bem estruturadas a 1/25

Teríamos que a chance de uma pessoa ser muito bem formada entre todos estes atributos seria de: 1 em 31.250 (ou: 0,0032%)

Cabe, então, valorizar a sorte de encontrar uma pessoa especial, e fazer o necessário para a preservação de um namoro, ou casamento, pois os números pesam contra todos.



DOS ERROS E ACERTOS

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Equívocos são inevitáveis, sejam eles “temporariamente intencionais” ou apenas acidentais, eventualidades. E, tenha-se que eles serão numerosos, mesmo proporcionalmente ao tempo de vida na terra.

Imagine-se que um ser humano comum viverá durante 40 anos. Estes anos somam 14.600 dias. Imagine-se, então, que a pessoa viva 6.600 dias (220 meses) consecutivos de erros. Isso ainda permitirá que ela tenha para si outros 8.000 dias de oportunidades de acerto. Seria mais proveitoso para todos que esses acertos fossem grandes e bons. Dias de nenhum esforço, dias de nada, não serão contados nestes efeitos.



DA ESPERANÇA

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Qual é o preço da esperança? Isso também é apenas uma questão matemática.

Para mantermos a esperança, coloca-se na mesa de apostas: os sonhos, as energias, a fé, até mesmo a sanidade, em alguns casos. E, muitas vezes, a chance de sucesso é baixíssima.

Digamos que você tenha 15% de chance de conquistar um objetivo. Isso significaria que você tem 85% de chance de não-obter esse algo, ou de obter alguma outra coisa. Melhor ainda: se você não buscar qualquer evento específico, a sua chance de que qualquer coisa ocorra é de quase 100%! Jogando com as estatísticas, teríamos que é um melhor negócio não esperar nada, pois, no nada, nós encontraremos uma grande chance de sucesso.

Na prática, esta é a raiz do ceticismo de muitos, do cinismo, em relação ao mundo, esse trabalhar com a chance maior, mesmo sendo ela de derrota.

Melhor pergunta, porém, seria: qual é o preço de não ter esperança?

Quem espera, quem acredita, caminha sempre para frente, porque pretende chegar em algum lugar. Quem espera, quem acredita, age, porque reconhece a importância de cada pequena coisa. Tenha esperança de encontrar as coisas mais valiosas (bons amigos, bons amores, boas oportunidades), e, quando vierem, não simplesmente a perca, mas deixe que ela se transforme em esperança realizada, em promessa cumprida.

Não deixe essa esperança para trás, não se esqueça do que valia, do que foi apostado e realizado, porque é a possibilidade de perder essa espécie de sabedoria o que traz consigo os danos incalculáveis. Lembre-se disso.

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Nesta brevíssima valsa entre as letras e os números, encerro o Entrecéteras.


Fecho as minhas cortinas, neste teatro vazio, triste... Eu teria continuado o show simplesmente se aquela certa pessoa estivesse na platéia... Adeus...



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p.s. – Bem, na verdade, o encerramento não tem nada a ver com nenhuma pessoa específica. É só que eu queria encerrar o BLOG de uma forma dramática. =)


p.s.2 – Até a próxima. Não se preocupem, eu voltarei assim que as coisas se estabilizarem mais daqui. Precisarei de todo o tempo que tenho, agora. Mas, trarei coisas muito melhores, confiem.


p.s.3 – Já sei, Bruninha, não precisa nem falar...rs


p.s.4 – Aproveitem e visitem os BLOGs dos amigos, cada um com seu estilo muito próprio. Confiram nos links. (Com uma recomendação especial para Mari Sierra)


quinta-feira, maio 01, 2008

Partire

Não há nenhuma terra à vista, ainda não.


Eu, apesar da incerteza, vou escolher acreditar que eu rumo para os portos que vejo nos sonhos que tenho.


Continuarei navegando, mesmo imprevisto. Verei estes portos.


Calmaria – Parte 1/X

Pedro olhava a vitrine. Olhava as roupas dos manequins daquela loja fechada. Era noite, e não chovia. (Por que isso era relevante?)

O que eram as cicatrizes de suturas por todo seu corpo, braços, mesmo rosto? Não reconhecia seu reflexo, nem tinha certeza se seu nome era realmente Pedro. Esse era o nome que lia no macacão que usava.

Seu corpo todo doía, MUITO, por dentro e por fora.

Wooosshhh... Um súbito pé-de-vento lhe passou, deixando arrepios

A rua estava vazia, e seus postes luminosos alternavam entre os acesos e os apagados, que criavam zonas de total escuridão.

Sinistro.

Toc-Toc-Toc!, estourou um som bem onde estava, e seu coração disparou como mil rajadas

- Saia da minha vitrine! – gritou um homem do lado de dentro

- Desculpe. – disse, baixo, baixo demais para que o homem o ouvisse, e seguiu caminhando

Para onde ia? Não sabia. Apenas sabia da dor que corria por seu corpo, e que sentia ao menor tremor de cada de seus passos.

Ti – tu – titi – tu ... Ti – tu – titi – tu ... tocou um celular, de algum lugar próximo dele.

Olhou ao redor...

Ti – tu – titi – tu ... Ti – tu – titi – tu ...

O som vinha do bolso do macacão.

Olhou o nome na tela: Marcos. Não atendeu. Não sabia quem era, não saberia o que dizer. Rejeitou a chamada.

- Gostei do toque. – ouviu alguém dizer, em tom de brincadeira

Óu óu... veio o som do alarme de um carro sendo desligado, e o veículo sendo destrancado, e com aquele som: o brilho rápido dos faróis

O quê? Onde? Como?

Um homem surgiu da escuridão: Ele trajava um suéter azul claro, e uma calça social.

Um carro, aparentemente, já estava ali na rua, estacionado ao lado de onde estava.

- Perdido, amigo? – o homem perguntou, devido à expressão desnorteada de Pedro

- Não sei. Não me lembro. – respondeu

- Você está bem? – aproximou-se o homem – Escute, se você quiser, eu posso deixar você em um hospital.

- Eu acho que gostaria... – respondeu, já quase nauseado pelas dores

- Vamos, então. – disse o homem

TRIC! – abriu-se a porta

Entrou no carro.

TRÔC! – fechou-se a porta

Pedro, com um frio em sua barriga, apenas encostou sua cabeça na janela fechada do lado do passageiro, e ficou a observar a cidade deserta daquela noite.

De alguma forma, ele sabia que a calmaria não duraria.

(...)

Acelerado

Quanto maior a velocidade, maior a chance de perder o controle.