terça-feira, novembro 28, 2006

Despedida

Mais um momento de reflexão e saudade para todos, mais um amigo sob esta terra onde, um dia, estarão todos os demais. Apenas, muito cedo, muito jovem, como todos os anteriores. A mãe do jovem sofria sozinha, por braços que tentassem a consolar. Todos ali, na verdade, juntos, mas afastados em seus mundos interiores, tentando se afastar dali. O padre dizia:

- Nesta hora triste, existe uma mão que está para nos amparar. Ele disse: Vão, e não tenham medo, pois Eu os guiarei pelas planícies secas até os leitos dos rios, Eu comandarei a chuva por sobre sua plantação, Eu trarei o vento fresco quando estiverem sem fôlego, Eu lhes darei a justiça...

Neste momento, um grupo dos jovens se levantou quase tumultuosamente, seguindo em direção à porta, como já ocorrera antes, anunciando a pegada de armas.

- Não! – berrou, quase descontrolada a mãe do jovem morto

Todos ao redor a seguraram, que se esperneava, com força. Ela gritou para os jovens que saíam:

- Um olho por olho e o mundo inteiro ficará cego!

Eles apenas a olharam, e o líder deles respondeu:

- Você já está cega se você pensa que vingança é a causa. – apontou o dedo ao redor da igreja - Vocês todos! – então, disse, quase com nojo em sua voz – Esperem sua salvação e justiça por aqui. Nós vamos lutar por ela. - partiu para fora

O padre, cansado e já de idade, apoiou seu rosto sobre a mão com a qual conferia as bênçãos, mas não obteve qualquer conforto. Perdia, lentamente sua fé: já havia visto demais daqueles garotos morrerem sem que ele pudesse fazer qualquer coisa por eles. Algumas das pessoas partiram a ajudar o padre, que visivelmente estava abatido demais para continuar.

Não havia mais fiéis naquela igreja. Havia apenas um momento coletivo, onde o único conforto era em ver os olhares ainda com brilhos dos amigos com os quais eles ainda dividiam a terra.

Um comentário:

Anônimo disse...

Despedidas são sempre difíceis. Lidar com elas não é nada fácil... A perda é um exercício constante em que nos acostumamos a ficar com a saudade no peito e, assim, encontramos novas formas cada novo dia!

Beijos :)