domingo, junho 17, 2007

Igor, it’s alive!

O céu daquela noite ruge e brilha, em raios e trovões, anunciando a aproximação da tempestade.

O homem corre por seu laboratório, de lado a outro, apressado, agitado. Ele sua, não por estar em movimento, mas pelo nervosismo que o toma: a incerteza, as dúvidas... “Não! Obstáculos frente a um progresso inevitável! Minhas dúvidas são traiçoeiras!”, ele pensa, tentando negar o que sente. Ele mente, mas apenas para si mesmo, e suas ações o acusam de tudo.


Ele pára frente a seu espelho, ofegante, observando a si mesmo com algum senso crítico, com reprovação, vergonha. Estático, ele toma seu fôlego, para então arrancar aquele espelho da parede onde estava pendurado: precisará dele para sua experiência. Então, subitamente, de um canto escuro, pode ouvir uma voz lhe falar:


- Com algumas coisas não devemos fazer experimentos. Existem resultados que não queremos obter, ou conhecer.


Seu pai o observava dali. Apavorado, recuou, trêmulo, quase derrubando seu espelho, mas o abraçando com força. Gritou, em uma voz que lhe falhava:


- Fantasma, deixe-me! Eu sou um homem da ciência!


A luz de um relâmpago voou pela janela adentro, para iluminar todos os espaços obscuros daquela sala: viu apenas um canto vazio. Alucinava?


Retomou sua coragem, embora não totalmente, e se apressou à conclusão de seus preparativos.

Naquela noite faria vida da morte, como imaginou, mas com repercussões inesperadas, de uma tragédia quase poética.

Perdão


- Padre, você acredita em redenção?
- Eu acredito que o homem pode perdoar e ser perdoado, sim.
- Você acredita que o homem pode perdoar a si mesmo, por algo que fez a outro?
- Sinto que algo o perturba profundamente, meu filho.
- Nada que possa ser consertado, padre. – disse, em um lamento
- Eu quero ajudá-lo, se puder, se você me deixar.
- Eu estou além da ajuda, padre. Talvez, além do perdão.
- Não há ninguém além do perdão, nenhum erro imperdoável, nenhuma pessoa que não mereça uma chance.
(...)
- Meu filho?
- Desculpe, padre, eu não deveria ter vindo. – disse o homem com choro em sua voz
O padre pôde ouvir os passos apressados do homem, que deixava a igreja, e tentou alcançá-lo. Mas, quando notou, ele já havia partido.

Uma última trincheira…


Dias do final de Outono, quando o Inverno se aproxima, condições de pouco conforto: dormindo em barracas ou salas de um colégio vazio, banheiros compartilhados. Poucas pessoas suportariam esses poucos dias voluntariamente, mas nenhuma destas “suporta” nada. Todos vieram para os dias de jogos, os dias do básico, mais importante, todos representam algo. As palavras Cásper Líbero têm algum significado para esses homens e mulheres em construção. É lá que eles estão sendo construídos, como seres humanos e como profissionais. Passam seus dias por lá, fazem amigos naqueles corredores, e aprendem sobre a vida. Mais ainda do que isso: vivem.

Dias de jogos, para equipes, para torcidas, para que a bateria toque suas músicas. Tambores de guerra. Pulsos de veias, espíritos. Suor corre na disputa por um centímetro, por uma vantagem, por uma vitória. Não competem apenas pelo jogo, competem por tudo que são, por seus professores e treinadores, por seus amigos. Ano após ano, vivem para sempre. De ano em ano, a cada fim de Outono, a cada translação, mais uma guerra, e uma chance de provar a nossa superioridade, e de conquistar pelo esforço, pela união, o respeito de todas as demais casas. No JUCA!