segunda-feira, novembro 12, 2007

Balão

Vou dar a volta ao mundo em um balão, pra seguir bem lentamente e ver de tudo um pouco, apenas para voltar ao mesmo lugar de onde eu saí, mas diferente de quando eu saí.

‘O sole, ‘o sole mio sta 'nfronte a te!

Que bela coisa, d’olhos quase verdes,

Alegria desenhada em meus cenários:

Jardins de flores, quais você perfuma,

Resvalando seus cabelos pelas pétalas.

Passeando, graciosa, sobre estes palcos

Onde, personagem, este tolo encantado

Observa, esquecendo sua próxima fala.

Que bela coisa, d’olhos quase verdes...


Ah... Bela coisa, desses olhos quase verdes,

E se te dissesse que queria acompanhá-la?

E se te dissesse que nem quero dizer nada

Que não seja belo, ou que não iria diverti-la?

E se dissesse que já não quero mais perdê-la,

Mesmo a tendo visto apenas há tão pouco, e

Nada sabendo, senão o que não se expressa,

Por incontáveis palavras às quais me recorra?

Ah... Bela coisa, desses olhos quase verdes...


Olhos quase verdes, tão adoráveis, hipnóticos,

E que, de você, são menos belos que a metade

De tudo que vi com estes meus olhos comuns,

Que não conseguem mais sair de você, assim:

Tão tudo que eu imaginava e queria pra mim.

Seus olhos me mostraram nosso acaso planejado.

Bela coisa, de alma esmeralda, apenas minha.

Bela coisa que a vida trouxe às minhas mãos,

Bela coisa, bela bela, minha calma,

A minha alma aguardava por você.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Sintomático (p.s. - Problemas resolvidos)


Contando possibilidades ilimitadas. Compreendendo meu poder sobre o presente e futuro.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Status Check

Queridos, não é bem que eu não estou escrevendo, é mais que o BLOG não está mais aceitando Uploads de imagens, não sei o porquê. Como um BLOG apenas texto ficaria um pouco pesado, e eu igualmente adoro brincar com as imagens, também, buscarei um novo endereço pra mim, ok? Até lá, escreverei mais espaçadamente (Disse o rapaz que acabou de voltar à ativa depois de uma ausência de três meses. Irônico, até). Beijos, ou abraços, ou tackles.

Já que a Iza pediu: Psicose (3/3)

Chegara, mas não conseguia reunir a força para atravessar aquela porta aberta. Sentia uma vertigem, como se fosse cair casa adentro, e sua visão perdia o foco. Verificou seu celular: uma mensagem. Estava, então, frente à porta de sua antiga casa, naquele dia. A mensagem lia: “Jonas, pelo amor de Deus, não entre em sua casa, por favor. – ass. Bruno”. Mensagem de seu parceiro, que o apavorara mais do que qualquer coisa pela qual já tinha passado. Sentira seu sangue gelar, e mal conseguira caminhar para dentro de sua própria casa, cuja porta estava aberta exatamente daquela maneira do dia presente, ele se lembrava bem. Seus passos foram hesitantes, sua respiração pesada e ofegante. Entrou.

Estava dentro de sua nova casa, mais uma vez no presente. Sua memória o confundia. Ao menos, graças a seu treinamento e seus conhecimentos de psicologia, ele entendia que era apenas um reflexo do trauma pelo qual passara tempos atrás. Percorria , receoso toda a sua casa, onde morava sozinho. O que o maldito estaria tramando? Não o encontrava, mas ele tinha que estar ali, ou teria deixado uma armadilha, ou alguma de suas surpresas. Surpresas, o maldito tinha surpresas horríveis.

Via-se novamente no passado, em sua sala. No centro, um bilhete sujo de sangue, algo visivelmente proposital. Lia: “Saiba que vou fazer coisas horríveis com o corpo de sua esposa, detetive. Apenas um agradecimento pelo seu maravilhoso trabalho. Uma surpresa aguarda em seu quarto.”. E Jonas começou a tremer, apavorado. Seu nariz escorria. Percebeu que chorava. Tremia muito quando puxou sua arma e seguiu escada acima, cambaleando, naquela casa vazia. Onde estava o bilhete? Em sua mão, amassado entre os dedos e a pistola. Estava, então, mais uma vez nos dias atuais, no segundo andar de sua casa, frente a frente com o homem que assombrou suas noites insones dos últimos anos.

Segurava uma faca, e entre ela e seus dedos: o bilhete.

- Vejo que ainda guarda o bilhete.

Não respondeu, não conseguiu. Apenas gritou, e avançou, louco, contra a silhueta do assassino. Era um assassino ele mesmo, naquele momento. Tiros, tiros, mas eles o erraram. Iniciaram um combate corpo-a-corpo. Violência. Uma briga de faca no escuro. Socos, pontapés, mordidas, dedos que pressionavam os olhos, atacavam como podiam. Uma briga até a morte, a última briga para algum dos dois, talvez ambos. Caíram escada abaixo, perdendo muitos degraus no caminho, e acertando o chão em velocidade. Mas, não pararam! Gritos, rosnados de Jonas, que ouviu as sirenes quando já dominava a situação.

- Levante, seu animal! – gritou, urrou, contra o homem alquebrado e sangrando, enquanto o arrancava do chão com a faca ao seu pescoço

O arrastou como refém para o lado de fora, onde as luzes oscilavam em vermelho e azul, e reconhecia alguns rostos de colegas de profissão. Gritavam:

- “Largue a faca!”, “É o Jonas”, “O que ele está fazendo?”, “Parado!”

Entre os rostos que reconhecia, viu o de seu parceiro, e amigo, amigo de sua esposa, também. Alguém que chorou tanto quanto ele naquele enterro de um Julho chuvoso.

- Bruno, desculpe, eu não vou conseguir prender esse canalha.

- De quem você está falando, amigo?

- Deste animal! – estapeou o assassino, com toda sua força – Foi ele quem matou Carla, foi ele quem destruiu a minha vida. Eu estive este tempo todo sendo um detetive, sabendo que o caso não estava fechado!

- Jonas, você não é mais um detetive! Você deixou de ser um há mais de um ano. – então, este seu ex-parceiro (e amigo) observou os demais policiais, prestes a encerrar a tensão, e gritou – Abaixem as armas, por favor, ele não representa ameaça.

Virou-se, novamente para seu amigo, e lhe disse, com o carinho e respeito que lhe tinha de quando ele mesmo era apenas um novato na força, e foi designado parceiro do veterano Jonas, renomado detetive:

- Jonas, não há ninguém aí. Solte a faca, por favor...

O homem segurava uma faca, com a qual matara as pessoas da casa onde esteve. Seu corpo espirrado com o sangue que encobria suas mãos.

O detetive Bruno caminhou, com suas palmas estendidas, seus braços abertos, em direção ao seu amigo e tutor, agora enlouquecido. Chegou próximo a ele, o abraçando e desarmando, o pobre homem confuso:

- Agora a Carla vai ficar bem, certo?

- Sim, sim, agora ela vai descansar em paz. – disse o homem, não contendo seu choro, e então sinalizando para que os demais avançassem

Com respeito, os demais policiais tomaram Jonas para ser julgado por seus crimes, e o colocaram em uma das viaturas. “Pobre homem”, eles pensavam, “Isto poderia ocorrer com qualquer um de nós”. Pobre Jonas, que com a culpa por sua esposa como matéria-prima, criou um personagem que ele poderia perseguir, mas que jamais poderia capturar. Seu parceiro perdera dois amigos naquele dia, e perdera sua fé em seu trabalho: jamais se casaria, jamais teria uma vida que valesse à pena. Começou a chover, como no dia em que enterraram Carla... “Adeus”, pensou Bruno, como pensara então.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Destratações

- Mas, tu, dama, és apaixonada por um vilão, um varão de pouco e mal caráter. Eu sou apenas a sombra de algo que gostarias de querer.

-Isto é tão pouco verdade, o que me dizes, que se pudesse lhe querer mais, se isso sequer fosse possível, eu sequer o tentaria, ou meu coração parava pelo esforço.

- Conseguirias me querer, ao menos um pouco, se eu lhe pedisse? Apenas o suficiente para me demonstrar mais com ações que com tuas palavras. Conseguirias?

- Se minhas ações lhe faltam que lhes diga o quanto me és, meu senhor, eu lhe rogo desculpas, pois acho que não tive a força para expressar tanto.

- Os amantes em seus amores encontram novas forças, novas coragens, novas inspirações. E eu careço de lhe transformar em mulher apaixonada. Então de que meu amor a ti me serve, senão para me causar dor e me vendar àquelas que realmente me brindam com carinhos.

- A lua ouviu tantas de minhas confissões...

- E junto a suas filhas, as estrelas, ouviu tantos de meus uivos. Como um cachorro, arrastando-me entre os jardins de minha província, tido como louco. E nenhuma de tuas confissões de amor me chegou como conforto. Talvez a lua jamais as tenha ouvido. Nenhuma palavra, nenhum toque ou mesmo lágrima que lavasse a minha alma da solidão de amar sozinho.

- Não sei como dizer a ti as verdades.

- Então, parte, que tuas mentiras tal quais lobos de um inferno gelado, mordem, mastigam, arrancam-me pedaços da alma que jamais haverei de volta. Parte e me deixe com minha memórias de quando eu te tinha como minha, e isto me parecia verdade.

- Pedes que eu lhe deixe, quando sabes que isto me mataria, ou que eu mesma tiraria minha própria vida que não mais me teria propósito?

- Não peço que partas, nem conseguiria pedi-lo, pois minha língua se recusaria a obedecer-me. Peço que parta por tua própria vontade, e que faça por mim algo para o qual jamais terei força. Faça isto por minha consideração.

- Por consideração partiria, mas por amores quero ficar a teu lado, por amores eu não conseguiria afastar-me.

- Amores? Que amores me destina? Percebeste que sequer chegou a negar teus amores pelo calhorda?

- Não o amo, e o tenho senão entre asco e repulsa, embora não o deseje mal.

- Injustiça fazes comigo em não partir, injustiça fazes comigo em me tratar à semelhança da criatura.

- Em que aspecto seria o asco parecido ao amor?

- Na consideração que o destina em não lhe desrespeitar, em não lhe querer o mal, isto após tanto que lhe fez, quando bastariam algumas palavras ríspidas de minha parte para que me desrespeitasse e por mim perdesse o carinho.

- Não o é verdade, nem jamais aconteceria.

- Percebe como intervéns?

- Não percebo nada.

- De fato, nem mesmo as dores que carrego, pois te ocupas demais na concentração a ele, nas tuas mágoas, nas tuas saudades.

- Não são saudades, mas feridas abertas.

- Trato de cuidá-las, então? Para que assim possas te recuperar e retornar a quem as fez?

- Jamais retornaria. Preferia não lhe ter a tê-lo mais uma vez.

- Então teu ódio dele é maior que teu amor por mim? Tua mágoa por não estarem juntos é tão mais valiosa do que eu, por esforços que eu lhe dedique? É tão mais fácil amar o monstro que o herói, assim? É porque o monstro não tem quem o ame? Existe motivo para tal. É porque o mostro não merece o amor que recebe, o que torna esse amor importante, mais que comum? Meus punhos se cerram de considerar estas coisas.

- Então as esqueça, pois não são reais.

- O que é real, senão o que sentimos, o que podemos ver? Um sonho é tão menos real que a vida? Se eu posso falar, tocar, provar os sonhos, lembrá-los com carinho ou desgosto, experimentar coisas novas, isto também não é real? E os sonhos existem apenas para mim, como meus pensamentos, que para mim me são igualmente reais. E este é um pesadelo que tenho acordado, e que torna meu único conforto os sonhos, onde finjo ter você só para mim.

quinta-feira, novembro 01, 2007

Psicose (2/3)

Passo, degrau, perna, passo, degrau, perna, arma preparada. O homem sentia seu coração palpitar rapidamente, tão rapidamente quanto sabia que teria que agir. O perigo era iminente, e tudo dependia de seus reflexos. Respirava controladamente, como havia sido ensinado em seu treinamento. Droga! Tudo parecia ter sido há tanto tempo atrás! Nem sabia se lembraria de tudo, e precisava de tudo que pudesse usar agora. Estava sozinho, e não havia tempo de esperar seu parceiro, nem mesmo reforços. Cada segundo contava agora, e as vidas e muitas pessoas dependiam dele. O assassino não faria mais vítimas, não podia, não se ele podia pará-lo. Prosseguia...


Cada degrau parecia lhe parecer uma colina, e com cada passo que dava seu fôlego encurtava. Apoiou-se contra a parede: dor! Seu peito parecia que iria rasgar, e a dor se alongava até seu braço. Sempre teve problemas cardíacos, mas havia conseguido ocultá-los no exame físico para a polícia. Agora não era a hora de parar. Cerrou seus dentes e continuou, em silêncio, até tombar em meio à escada. Tontura. O mundo se movia como um barco solto às ondas, as paredes pareciam soltas e se moviam. Tentava respirar. Estava quase no segundo andar a casa, mas agora sua respiração e gemidos de dor certamente já haviam revelado sua posição. Podia ver aquela porta naquele corredor escuro, podia ver a luz que vinha de suas frestas, pôde ver a silhueta do homem o observando, mesmo com seus olhos ameaçando se fechar.


Em um esforço como poucas vezes fizera em sua vida, tentava erguer sua arma em direção ao homem, mas as dores lhe aumentavam. Assassino! Assassino! O homem que matara sua esposa, sua garota, a única mulher que jamais havia amado em sua vida, à sua frente. E ele estava impotente: sequer conseguia apertar um gatilho. A cena de quando entrara em sua casa a quase um ano, voltando do trabalho, lhe vinha à mente. A cena de seu quarto, da cama que dividiam, do sangue. A cabeça de sua esposa, jogada sobre seus lençóis. O bilhete, com aquelas palavras horríveis. Começou a chorar.


Lentamente, o homem caminhou lentamente até ele, mas quase não o via, senão uma silhueta. Podia ouvir seus passos, sentia os passos do homem tremendo as tábuas do chão de madeira, sentia a dor de seu coração que parava. Precisava parar aquele homem. Continuava tentando, mas não importava o quanto quisesse, seu corpo já cedia. O homem se agachou próximo a ele, e disse:

- Você não acha que isso está se tornando cansativo?

O detetive não conseguiu dizer palavra alguma, e nem teria desperdiçado palavras com aquele animal. A presença daquele homem ao seu lado, e o fato de não poder matá-lo, como gostaria, ou mesmo prendê-lo, tirá-lo das ruas para sempre, agravavam sua condição. Quase não conseguia mais respirar, engasgava com o ar.


O homem riu da situação do detetive, e tirou a arma de sua mão, lentamente. Disse:


- Boa sorte com a sua morte, detetive. Que ela seja menos agonizante que a de sua esposa. – então aproximou sua boca do ouvido do detetive e disse – Você nunca vai achar o corpo dela, você nunca vai ter essa paz. O que irão achar, porém, são evidências, em sua nova casa, de que você foi o culpado, o assassino. Você vai perder sua honra, o nome do seu pai, e eu vou continuar livre, bem como eu bem quiser.


Aquele monstro se levantou e seguiu escada abaixo, levando a arma do detetive, que sentia um frio tomar seu corpo...


Não! Não, não não! Por Carla, ele não iria morrer naquele lugar, ou daquele jeito. Achou forças, concentrou-se, decidiu-se a viver. E, pouco a pouco sua pulsação voltava, as dores diminuíam, embora ainda persistissem. Passou a mão em seu rosto: suara muito, frio. Ainda estava tonto, mas precisava achar um meio de seguir o assassino de sua esposa até sua nova casa. Havia vendido a antiga, pois jamais conseguiria morar lá novamente. Ligou para seu parceiro e lhe deu as novas direções, gaguejando, ofegante.


Olhou na direção da porta entreaberta do quarto do segundo andar, e pôde ver as manchas de sangue, em meio ao silêncio que imperava na casa. ‘Descansem em paz’, pensou, e não ousou chegar mais próximo dali. Deixou a tarefa para seus companheiros. Não agüentaria entrar em mais um cenário de vítimas e sangue, não agora. Apenas, correu aos tropeços, e apoiado contra a parede, escada abaixo, e para fora daquela casa. Corria, agora, para sua própria.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Ética a L.R.S.A.

Espero que vocês sejam boas pessoas, e que vivam segundo o que acreditam. Espero que vocês estudem, e conheçam muitas coisas, mas que também tenham vivido muitas delas. Espero que tenham boas oportunidades e saibam aproveitá-las, porque isso é ser merecedor de suas chances. Espero que vocês amem, sem medo, incondicionalmente, e continuem amando dessa maneira, por tantas vezes que se magoem, o que sempre ocorrerá com qualquer pessoa.


Sejam pessoas calmas, e tenham paciência com os outros. Sejam generosos, e tenham sempre tempo para ajudar seus amigos e mesmo seus inimigos, se vocês chegarem a se tornarem pessoas mais fortes do que eu fui, o que eu espero que aconteça. Tenham braços abertos e perdoem erros, e aceitem as falhas dos outros, mas tentem sempre ajudá-los a melhorar, dando a eles o tempo que precisarem.


Tenham fé, e acreditem em boas coisas, acreditem nos melhores lados das pessoas, tenham esperança de que as coisas um dia serão melhores, mas compreendam seu papel na realização desse futuro e ajam. Sejam firmes no que acreditam, mas estejam sempre dispostos a escutar novos lados e tenham a maturidade para saber que nem sempre vocês estarão certos em suas discussões. Que vocês sejam grandes o suficiente para admitir quando estão errados, e grandes o suficiente para saber que não são infalíveis, e reconhecer que o mundo é construído com a participação de todos e não apenas a sua.


Sejam corajosos, inabaláveis, mesmo quando com medo. É natural sentir medo, e que seja natural também que vocês enfrentem seus medos, por difícil que isso pareça tantas vezes. Lutem por um mundo melhor, mais justo, começando com as pequenas batalhas dos seus dia-a-dias. Sejam corretos e transformem os demais pelo exemplo, dêem a força aos demais ao mostrar a eles que é possível, e façam isso com a graciosidade de quem nunca se esforça mas realiza naturalmente.


Pensem, reflitam, sobre suas ações e sobre os demais, entendam suas motivações e as alheias, e saibam que mal-entendidos podem ter um custo maior do que vocês podem calcular. Cuidem de si mesmos, de sua saúde, exercitem-se mental e fisicamente, tanto para que sejam melhores como para que possam viver mais tempo e aproveitar mais das coisas da qual tantas pessoas possuem tanta saudade. Sejam prudentes, em suas vidas e com os demais, nunca se cansem, nunca descansem, nunca relaxem, pois tudo que realmente terá importância depende de vocês, de forma ou de outra. Sejam éticos, e não vivam apenas para si mesmos. Eu acredito em vocês (talvez mais do que acredito em mim mesmo).

terça-feira, outubro 30, 2007

Psicose (1/3)

Psicose, esquizofrenia, disse o médico. Mas, o que sabem esses médicos hoje em dia? Faculdades de medicina por toda parte. Se ele mesmo quisesse, participaria de algum vestibular por aí, passaria e quando fosse médico se daria outro diagnóstico. Mas, não fazia isso. Andava pelas calçadas molhadas naquela avenida escura e abandonada à madrugada. Ouviu passos. Escondeu-se rapidamente, para observar de posição privilegiada quem se aproximava. Talvez fosse o assassino que estava procurando. Certamente ele o estava procurando em retorno, devia estar.

Não. Apenas um casal de apaixonados. O susto pela perspectiva do encontro demorou a passar. Seu coração ainda desacelerava, muito lentamente. Continuou a caminhar, levando suas mãos secas aos bolsos, de onde puxou cigarro e fósforo. Geralmente não fumava, mas estava tenso naquela noite. Andando chegou à sua casa, mas passou reto por ela. Morava sozinho e ninguém o esperava.

Seguiu para um bar que freqüentava. Sentou-se na mesma cadeira de sempre ao bar, quando notou a presença dela, em uma mesa não muito longe de onde estava. O cheiro daquele perfume cruzava o espaço que os separava. Fragrância doce, grilhões que o prendiam àquela mulher fatal. Em um momento breve demais ela se aproximou. Sedutora em seu vestido vermelho. Empurrou o cabelo para trás dos ombros e pediu fogo com um cigarro em mãos. Puxou o isqueiro de seu bolso e o acendeu, com calma. Ela apenas agradeceu, lhe deu as costas e retornou para onde viera, sentando-se sem sequer o olhar novamente. Ele riu para si mesmo. Já gostava dela.

O pianista estava tocando algo diferente aquela noite, talvez estivesse com o coração partido. Ou, quem sabe, fosse apenas ele. O assassino deixava pistas para trás, o provocando a o descobrir. Pistas desconexas, uma brincadeira de charadas. Seu celular vibrou: era seu parceiro. Podia ser algo importante, vital talvez, mas ao mesmo tempo podia ser mais uma pista, ou quem sabe mais um assassinato. Não estava com cabeça para atender àquilo agora. Droga! Estava ficando paranóico e pessimista. Atendeu a ligação. Um bando se sentenças incoerentes, todas relacionadas ao seu médico. Desligou na cara do amigo, ainda jovem e inexperiente, sempre preocupado demais.

Colocou dinheiro na mesa, para pagar por seu drinque e para enviar outro para a dama de vermelho. Um Martini. Propôs um brinde silencioso a ela, de onde estava. Ela o aceitou com a mais suave das reverências. Ele deixou o bar. Acendeu um de seus próprios cigarros, e caminhou seguindo a calçada, ainda se afastando de casa. Geralmente não fumava, mas estava tenso. Sentia agora falta do som do piano, em meio à sinfonia desorganizada de carros e motos ocasionais.

Um carro de polícia pára ao seu lado. Um conhecido? Não, não o conhecia. O policial vem até ele para levá-lo dali, sem qualquer apresentação de distintivo. Corrupto! Estava sem sua arma, não gostava de andar com ela. Mesmo assim conseguiu se armar, puxando o revólver da cintura daquele homem. O rendeu e algemou contra um poste. Ligou para a delegacia dando o endereço do local. Seguiu caminhando. Não estava interessado em preencher boletins de ocorrência como fizera tantas vezes. Seu cigarro acabava. Não acendeu outro, pensando em sua saúde, mas jogou a bituca ao chão e a pisou.

Retornou até sua casa. A maçaneta estava forçada, alguém estava dentro. Por sorte ainda estava com a arma do policial de antes, a sua podia já estar na mão de quem quer que seja o invasor. Algo lhe dizia que era o assassino. Ligou para a polícia, dando seu endereço e identidade, e em seguida para seu parceiro, contando-lhe o ocorrido, apressadamente. Guardou seu celular. Com atenção redobrada seguiu casa à dentro, sem acender as luzes para não se acusar, mas com o revólver em mãos.

Passo a passo. Engatilhou a arma, tentando fazê-lo silenciosamente. A tonalidade azulada que aquela casa escura assumia o assustava. Sempre participava de situações como aquela, mas sempre era como a primeira vez. Coração palpitando, pronto para saltar à sua boca. Boca seca. Chegou à escada. Por algum motivo, simplesmente sabia que o invasor estava no andar de cima. Sabia, mas estava receoso demais para subir. Parou aos pés da escada. Seu celular vibrou lhe dando um dos melhores sustou que já tomou, e já havia tomado alguns muito bons. Era seu parceiro, mas nada do que dizia fazia sentido. A realidade é que a maior parte do que ele via recentemente não lhe fazia nenhum sentido. Pensava nisso, quando ouviu um barulho, vindo do andar de cima. Desligou o telefone antes mesmo que seu parceiro terminasse de falar. Continuou subindo. (...)

segunda-feira, outubro 29, 2007

Castelos (Retorno)

Castelos nas Nuvens

O mundo não é perfeito, disto temos certeza. Vemos seus problemas diariamente, sentimos muitos deles na pele, gostaríamos que algumas coisas fossem melhores, e esperamos ansiosamente (ou ansiamos esperançosamente) por uma mudança que, no fundo, sabemos que jamais virá.
O mundo é de um concreto duro demais, que desgasta os pés de sonhadores que pensam estar caminhando em nuvens. A realidade possui requintes de crueldade e tem maneiras próprias de fazer um cínico de um poeta. Mas ela não possui intenções, apenas é como é, boa ou ruim a quem quer que seja, e vai continuar devastando sonhos com sua indiferença, até que aprendamos a lidar com ela.
O garoto pode viver em seu castelo nas nuvens, o homem deve lutar por cada centímetro. Cresça!, então, e aprenda a deixar sonhos para o descanso da noite. O dia terá em seu lugar metas, objetivos, e planos para obtê-los. Sonhos são as mentiras que as pessoas contam a si mesmas sobre seu próprio futuro: reconfortantes, sim, mas nada mais.


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Castelos de Areia

A vida não é fácil, nem justa. Esforços são feitos em vão, algumas chances nunca são dadas, e méritos não são reconhecidos. Todas as ações, apenas castelos de areia aguardando a maré alta. E pequenos-grandes arquitetos sentem a falta de propósito de um exercício tão finito de suas capacidades. A mortalidade não só do homem, mas de suas ações, um cansaço por todas as coisas passadas e presentes que levam ao temor do futuro, e à inação.
Muitos dos esforços serão em vão, a maioria deles, de fato. Mas, sem qualquer esforço será o tempo, então, passado em vão, todo ele.
A maré subirá, ela sempre sobe, cedo ou tarde. E, seja ela o tempo ou a ação do homem ou uma eventualidade ou tantas outras coisas, ela vai desfazer os pequenos castelos de areia espalhados pela imensa praia, e reduzi-los a nada. É apenas areia, afinal, mas um castelo, ainda que momentaneamente. Aproveite o tempo antes da maré alta, sem receios, sem dores, apenas seja o for, da melhor maneira possível.

segunda-feira, julho 30, 2007

Um mundo em cacos

A nossa memória é frágil, e se desgasta com o passar do tempo. Tempo que passa lentamente, sempre uma constante, e arrasta consigo o real, o lembrado e mesmo o imaginado. O tempo desfaz as coisas, não todas, como desfaz a nossa memória.

Passam ao esquecimento as informações, sensações, grandes e pequenos momentos, risadas e choros, os melhores e piores. Um a um, como pedaços de um quebra-cabeça, o nosso quebra-cabeça, essas lembranças se separam aleatoriamente, se fragmentam.

Mas, nada está quebrado. São apenas pedaços de um grande afresco, flutuando na correnteza em direção a um inconsciente coletivo de eventos, de verdades não mais percebidas, mas que desenham os fios da realidade. “Penso, logo existo”. Pensei, senti, vi, ouvi, provei, cansei e descansei, lutei, venci e perdi, temi, inspirei, conquistei, e, haja ou não quem se lembre destas coisas, existi.

Palácio


Eu sonho com casa, com o meu retorno
A meu santuário, meu palácio de prata,
Onde minha jornada, assim encerrada,
Teria propósito, ou faria sentido...

Mas, tão distante de lá eu cheguei,
Que minhas lembranças, como devaneios,
Perdem-se em um incerto fato ou ficção,
E regressam a mim, noite após noite,
Sob uma coberta de escuro e de sonhos

Apenas uma ilusão, talvez sejam,
De que um dia fui amigo do Rei,
Digno de confiança e respeito,
Cavaleiro incumbido do cálice.

Em meus sonhos, ao menos, estejam,
Lindas imagens que eu mesmo criei

PARANÓIA / DEMÊNCIA / LOUCURA

Ela acorda, com um frio arrepio que sobe por sua espinha. Treme um pouco, enquanto se senta na cama do quarto escuro, onde está de camisola e coberta apenas por um fino forro de tecido. Onde está seu marido? Puxa seu forro até a altura do coração, como se ele a protegesse, enquanto observa os espaços a seu redor, onde as sombras, apenas sombras, parecem a observar silenciosamente. Por que ela subitamente acordou com medo?

Encolhe-se em sua cama: mulher adulta. A fresta abaixo da porta não mostra qualquer luminosidade vinda do lado de fora. As cortinas do quarto bloqueiam sua visão da janela. Ela está isolada. Ofegante, tornando-se apavorada, e começa a enxergar movimentos nos objetos a seu redor. Engasga de medo, mas salta da cama, e corre em direção ao interruptor, ao lado da porta, para acender as luzes. Joga-se contra a parede, e contra o interruptor, mas as luzes não se acendem. Força, então, a porta, que não se abre. Está presa, está presa.

Tenta voltar correndo para sua cama, mas algo segura seu pé e ela cai, apavorada, tentando se proteger da escuridão ao redor, levanta, aos tropeços, aos esbarrões, corre, ofegante, e salta em sua cama, agarrando seu forro para se cobrir até a cabeça. Ela fica embaixo de sua proteção por um tempo considerável, quando retoma a coragem de olhar o que ocorre à sua volta.

Alguém! Uma figura sinistra, a observá-la do canto mais escuro do quarto. Não consegue a reconhecer, e nem tenta: salta, novamente, para baixo de suas cobertas. Chorando, pálida, sente seu sangue esfriar do medo. Está com muito medo. Treme, e tenta se controlar, se esforça para não fazer barulho, ou movimentos bruscos. Mas, mesmo em seu momento de pavor, escuta a porta se abrindo, lentamente.

Demora a tomar a coragem para olhar através de um espaço nas cobertas, mas o faz, e observa o caminho para fora. Levanta, trêmula e lentamente, da cama. O chão frio lhe dá calafrios a cada passo cauteloso, assustado. Ela chega ao corredor que separava seu quarto do de seu filho, que está trancado, assim como o banheiro. Ela se volta para a outra e última porta, já aberta, que a levará em direção à escuridão maior da sala e cozinha. Ela segue naquela direção, com suas pernas perdendo sua força: não conseguem andar senão muito lentamente.

Olhou para as enormes janelas na sala, mas elas eram como espelhos, de onde ela podia ver apenas seu reflexo a observando. Mas, não era ela, era algo: alheio à sua consciência, a cópia. Movia-se como ela, fazia o que fazia, mas não era ela, ela sabia. Tremia, sozinha, naquele ambiente, que parecia esfriar. Subitamente, começou a escutar sua caixa de música, tocando de seu quarto, preenchendo o ar, criando uma atmosfera sinistra. Ela chorava, em um desespero silencioso.

Casa vazia, a música, a escuridão e as sombras que pareciam vivas, seu reflexo a observando. Correu para a porta, logo à frente, e a destrancou e abriu. E, além dela: breu, como se a escuridão tomasse o restante do prédio. Ela jamais teria coragem de dar um passo afora. Na verdade, ela sequer tinha coragem suficiente para olhar naquela direção horrível. Sentia coisas ruins daquele vazio. Fechou a porta com força, e se afastou dela rapidamente: começou a chorar. Suas pernas amoleceram, e ela sentou sobre elas, apavorada de tudo ao redor.

Ouviu a porta do banheiro se abrir. A silhueta de seu marido surge, ao final daquele corredor escuro que leva até a área dos quartos. Ele se aproxima caminhando, lentamente: não é seu marido. É apenas algo parecido, que arrasta a mulher gritando por seus cabelos, para a cozinha...

(...)

De uma fresta da porta, dois homens em jalecos brancos tomam notas sobre o estado da mulher amarrada à cama.

Diálogo nos degraus

A advogada empurrou os documentos às mãos do promotor, inflamada:
- É este tipo de justiça que você está procurando?
- Eu estou tentando ajudar. Alguém precisa ser o culpado. – disse, calmamente
- Mesmo se for um homem inocente?! Um homem decente, de família.
- É um preço que eu estou disposto a pagar, por um bem maior. - respondeu o promotor
- Mas, são a vida e reputação dele em jogo, não as suas. - tomou ofensa, a jovem advogada
- Eu peço que você não siga em frente com a apresentação das provas.
- Aguarde a minha chegada no tribunal, porque eu vou chegar com a justiça, e com uma luz sobre o caso. - disse, muito séria
- Esta é uma batalha que você não tem como vencer. – riu, ironicamente, o promotor, para a jovem advogada
- Veremos. – e ela seguiu escadas acima

Fatalismo

Nuvens se derretem em água, e caem
Frias, como as terras que banham
Formando, dos vales, as lagoas
Onde se atiram as virgens à morte

Homens corruptos corrompem outréns,
Fazendo reféns de seu próprio caráter.
Pagam seu festim com sangue e suor
De escravos que se consideram senhores.

Em outro lugar, não longe dali
Na estrada sem começo, e sem fim,
Sem meio de sair da areia movediça,
O viajante se desespera, sozinho.

quinta-feira, julho 26, 2007

Escolha:

Se você pudesse ser apenas uma das quatro estações, qual você seria?

Fogo!

Voam, velozes, os caças. Seus pilotos estão preparados para a incursão em territórios hostis.

- Olho-de-Águia, aqui é Ciclone, você copia?

- Alto e claro, Ciclone.

- Vamos voar baixo, a inteligência nos informou da possível localização de uma base inimiga há poucos cliques daqui.

- Neblina também confirma.

Os três pilotos cessaram comunicação. Observavam um céu azul à sua frente, tão calmo.

Subitamente, viram entre as árvores um espaço aberto, aberto demais para ser natural. Passo a passo, eles começaram a se preparar para o bombardeio: conferindo suas coordenadas, ajustando seus sistemas de mísseis.

Concentrados, os pilotos mantinham seus jatos em curso, mantendo a formação, e calculando a trajetória que deveriam tomar após lançarem suas bombas. Bombas incendiárias, sempre uma espetáculo a parte quando visto de uma distância segura. O ponta engatou seu míssil para lançamento, notificando os companheiros.

Lançamento. O ponta disparou, e os dois asas o seguiram imediatamente. Então, puxaram seus manches com força e saíram da área de explosão.

Chamas. Um som agudo do vento que se aquecia e subia, trazendo consigo uma coluna cogumelo de brasas, fumaça vermelha e negra.

Missão cumprida, eficazmente. A noite será de festa na base.

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Andam, calmamente, os cidadãos da vila. Seus habitantes preparavam o campo que irão semear.

- Pai, como as plantas crescem?

- Elas puxam energia da terra.

- Como elas cabem dentro dessas sementes pequenininhas?

- É uma boa pergunta, mesmo. – disse o tio da criança, a seu irmão

Ambos os adultos riram, e continuaram seu trabalho. Sentiam uma brisa suave em seus rostos suados, tão revigorante.

Subitamente, escutaram um som crescente, como um pequeno tremor, mas vindo do céu, de certa direção. Um a um, eles o escutaram, e logo souberam do que se tratava: largaram suas ferramentas e correram!

Desesperadas, as pessoas da vila corriam sem direção, talvez para as árvores, talvez para suas casas. Algumas dessas pessoas gritavam, algumas dessas pessoas tropeçavam, outras se esbarravam. O homem segurou seu filho nos braços e correu, ao lado de seu irmão, sem nada a dizer, sem tempo para dizer.

Lamentos. Os dois irmãos se olhavam, e já sabiam que aquela era seu último momento. O homem abraçou seu filho com mais força.

Chamas. Um grito agudo da criança que chorava nos braços do pai, que também queimava como sua vila, sua casa, e tudo que jamais teve.

Acabou para eles, tristemente. O dia seguinte verá apenas carvão.

Ateísmo

Escondidos por detrás de uma máscara de pretensa superioridade intelectual, e se protegendo com um escudo chamado “Ciência”, eles negam os valores da mesma.

A Ciência não é uma verdade, a ciência é um método, o método do raciocínio inquisitivo. Supor que se é o detentor das respostas, quaisquer sejam elas, é ser contrário ao método científico: que, mesmo tendo chegado a essas conclusões há muito tempo atrás, ainda estuda se o sol é mesmo o centro da órbita dos planetas do nosso sistema.

Não existem axiomas. A realidade é, sim, mais estranha que a ficção, e cheia de lacunas sem explicação. Eu imagino se não são os cientistas ateus, que posicionam como pretensos pilares do avanço do pensamento humano, aqueles que temem a outra opção: a existência de algo superior à razão.

A arrogância de alguns poucos, homens de fé ou ciência, criou a cisão e a discussão não mais dialética de uma das questões mais interessantes, se não a mais, de toda a filosofia. Cada lado acusa o oposto de não estar aberto ao diálogo.

Bem, quase sempre, os defeitos que nós enxergamos nos outros...

Runaway Train

A vida passa com um tornado,
E leva preciosidades de todos.
Tempo: assassino implacável,
Irá nos matar, um a um.

Tempo: luxo que nós não temos.
Tempo: nada a desperdiçar.


As pessoas podem passar toda uma vida em lamentos, por seus fracassos, por suas perdas, e algumas delas farão isso. É uma pena que elas desperdicem ou adiem suas oportunidades de tentar de novo.

Precisam saber que quem tenta mais uma vez nunca recomeça, e que, por inevitável que seja a dor, resistir é possível.

quarta-feira, julho 25, 2007

Pedante

Tenho que pedir desculpas. Eventualmente, terei a possibilidade de pedir desculpas a muitos de meus amigos pessoalmente, mas, até lá, deixarei por aqui esse pedido. Mais do que muitas vezes eu me comportei de forma arrogante, como se fosse superior a qualquer pessoa. Não sou, e meu irmão me lembrou disto, recentemente.

Mesmo uma capacidade superior, se mal aplicada, serve apenas como um defeito. Vou tentar lembrar disto, daqui para frente. Mas, com paciência, com calma, e já na consciência de que ainda receberei muitas destas lições, de outras pessoas e da vida.

Vou tentar ser um amigo melhor, um filho melhor, um irmão melhor, uma pessoa melhor, mas já sei que vou errar agora, e depois, e depois. Vou magoar pessoas que gosto, e magoar a mim mesmo por isso, mas espero aprender, ao menos antes da morte.


p.s. – Espero que essa reflexão sirva para mais alguém, também.

Talking

- Hey, pessoal, vocês perderam...
- O quê? – perguntou, um
- Um cara todo boy, lá no shopping, tomando um milkshake e pagando de emo.
- E daí? - perguntou, outro.
- Então, eu falei: perderam. É que era muito fake emo, sabe?
- Meu, o emo é o new gay. – comentou um, rindo
- Emo é a “New Gay Vibe” – complementou outro
- Vindo do cara que ontem, no pub, tomou um Sex On The Beach.
- Puta drink de mulher, hein.
- Ow, vamos dar uma relaxada no bullying daí.
- É, sem stress, agora.
- Bom, galera, chega de papo. Vamos jogar um baseball, vai.
- Alright!

Aviso

Cuidado: É muito fácil se perder no caminho.

Guerrilha

Maldita floresta, malditos insetos. “Por que não podemos lutar alguma batalha no seco?”, pensava parte dos soldados. A outra parte reclamava daqueles “malditos insetos”, alguns sussurrando, outros irritadamente tentando esmagá-los com as mãos.

Apenas ele encontrava-se preocupado: tudo ao redor estava quieto demais. Sem pássaros, sem animais, apenas um grande vazio fechado por árvores. Uma grande armadilha verde. Ele sabia, e já podia ouvir seu coração tentando aproveitar ao máximo suas últimas batidas.

O tenente não dizia nada, apenas tentava se localizar nos mapas. Estavam perdidos, atrás de linhas inimigas.

“Maldito amador”, pensava o soldado.

- Descanso! – comandou o homem

E 23 homens acharam lugares para se sentar, alguns em alerta.

- Você tem água? – perguntava um dos soldados aos demais

Hunf! Irônico. Naquele lugar úmido, onde chovia uma vez a cada hora, era difícil se encontrar água potável. Doenças assustavam a todos, árvores bloqueavam a chuva limpa, deixando ao solo apenas a água suja de folhas e pequenos detritos. Maldita floresta quente: suavam.

Era todo um lugar desconfortável, quente e úmido, cheio de insetos, cheio de...Sua mente ficou branca.

Ouviram o primeiro tiro, e se seguiram outros.

Progresso

A evolução leva tempo e tem seus custos. Nós sabemos disto. Infelizmente, como aprendemos, o custo para a evolução é que aqueles que estiverem abaixo da nova necessidade, aqueles que não contarem com o novo pré-requisito do mundo ao seu redor, estão condenados à extinção.

Nós compreendemos a mecânica da evolução, e somos mais rápidos que suas máximas. Nós curamos doenças fatais, nós desenvolvemos máquinas que se tornam uma ampliação de nossas forças, nós cultivamos plantas e criamos animais para evitarmos os momentos de falta de alimentos. Nós dobramos a regra. Por nossa inteligência, nós alongamos nossa existência, perpetuamos nossa herança, entre tantas outras vidas menos capazes, que não serão vistas para sempre.

Mesmo a nossa sociedade é um universo de leis similares: nós estudamos, porque existem poucos espaços em mercados, nossa versão da competição de recursos. Nós nos exercitamos, porque assim seremos mais atraentes para o sexo oposto. Nós evoluímos, dentro de nossas capacidades, graças à nossa capacidade, para um estágio evolutivo diferente. Dentro de uma geração, poderemos ser mais inteligentes, mais atraentes, mais bem sucedidos, realizar mais do que simples feras (talvez: feras simples).

O esforço em todas as coisas é apenas parte do instinto humano, apenas uma necessidade de ser melhor, de dominar nosso território de direito.

O ser humano é tão mais apto quanto desejar se tornar.

De volta

Bem, após dois dias sem internet, por motivo algum, consigo retomar as atividades. Não citarei, aqui no texto, a empresa-problema em respeito aos seus acionistas. Obrigado.


segunda-feira, julho 23, 2007

Idiossincrasias

Pequenas originalidades: peculiaridades pessoais. Cada louco com sua mania, algumas delas bem engraçadas. Temperos pra vida, e pra muitos relacionamentos, essas diferenças são o que há de mais especial de cada um. São toques de raridade, coisas que nos distinguem em um mar de pessoas que farão e serão, basicamente, “iguais a todo mundo”.

As pessoas são assim, diferentes, engraçadas. É interessante conviver com elas, cada uma sempre apresentando uma nova perspectiva, fazendo uma nova história, em algo que aparentemente é banal, sem importância. As sociedades enriquecem com isso, eu enriqueço com isso dos outros.

Deixe que os animais ajam por necessidade e instinto, e que as pessoas tenham cismas, birras, superstições. Não favorecendo a insanidade, mas que essas loucuras alegram a vida, isso alegram.

Favor não comer.

AEF (Anticipation, Expectation, Frustration)

As pessoas pensam demais.

Não é tanto uma crítica, como pode ter parecido, pois sou totalmente favorável à constante reflexão. Na verdade, é apenas uma observação, e nem teria como apontar como um defeito algo que é inato no ser humano, não sem com isso considerar o próprio ser humano como errado. O que quero dizer é que as pessoas tentam prever as coisas. Imaginam como elas serão, fazem suas suposições, previsões.

Esse traço, também responsável por grandes qualidades como a esperança, acaba, na imensa maioria das vezes, envenenando experiências que, caso contrário, seriam normalmente bem aproveitadas, e bem proveitosas. Em poucas linhas gerais, a origem da sigla vem da idéia de que as pessoas “Antecipam” os eventos, fazendo seus planejamentos a respeito de algo ainda desconhecido. Depois, criam “Expectativas” sobre sucessos ou emoções envolvidas nessas situações imaginárias. Então, como a realidade raras vezes é equivalente às expectativas, as pessoas se “Frustram”, ficando chateadas, até mesmo magoadas.

Diversas empresas operam sob a compreensão deste funcionamento da psique humana, tentando evitar ao máximo as promessas que não serão capazes de cumprir, para não alimentar a já fértil imaginação de seus consumidores.

Não vou me alongar. Cada um sabe, já agora, de momentos em que sentiu isto na pele. Melhor que cada um pense no assunto. (Mas, não demais, é claro, senão entraremos em um círculo vicioso).

Para a cútis

Recomendo: máscaras de lama, e rugby

Uni, Duni, Bê-21? Processo seletivo.

Corações repletos de vontade pulsam na sala.
Pulsam a sala, em desconforto e nervosismo:
Observados, selecionados. Calculosamente...
Tic, Tic, Tac, Tic, o relógio os deixa aflitos
Um evento que se iniciará muito em breve.
Uma seleção que será resolvida...Com um BINGO!

E giram a manivela, misturando as bolinhas
Todos, bem tensos, de olho nas suas cartelas
Atenção para a bolinha! “B - Inglês fluente”
Atenção, hein, gente! Letra B, Inglês fluente!

Lá vem mais uma rodada, as canetas já suadas,
Esperam para marcar as cartelas. Vem vitória!
“Quem tem: ‘Boa capacidade de organização’?”
É você, é você? Vamos marquem suas cartelas!

“Estou quase na tinquina!” “Manda a boa, manda a boa!!!”
Mas, isso é bem como garoa: nunca vem quando está quente
E, pra surpresa, daquela gente, caíram duas bolas e não uma
“Ser Pro-Ativo” e “Mascar chiclete e dirigir ao mesmo tempo”

Alguns sorriem, outros nem tanto, outros não
Todos aguardam: qual o próximo requisito?
Hummm...Esquisito. Não é nada específico.
Perguntaram do “Caráter”. “Essa coisa existe, ainda?”

Poucos marcam suas cartelas, os escolhidos
Futuros homens de negócios, colar-brancos
E que farão do mercado um lugar melhor...
Ai, ai...Formamos uma Seleção, então.
Ou, quem sabe, não. Fantasia minha.

Ai, Cupido...

Mas, você só complica tudo, hein...

O conto da...Lu

O Conto da fábrica que estava ruim de carregamento e cujo caminhão quebrou no caminho de uma entrega de material, criando uma situação desconfortável para os players-chave do negócio


Essa história começa há não muito tempo atrás, quando uma certa fábrica nada fantástica (e nada de chocolate), não tomou os devidos cuidados com a manutenção regular de sua frota de caminhões.

*Pausa para informá-los que não mencionarei a marca destes caminhões, por motivos legais, e porque é dessas informações que não interferem em nada no andamento da história.

A fábrica, que já estava ruim de carregamento, se viu com um problema muito real nas mãos.

*Pausa para informá-los também que, apesar do aspecto bem real do problema, a situação citada é meramente uma obra de ficção, e qualquer semelhança com pessoas ou eventos reais é meramente uma coincidência.

Pois bem, um funcionário desta fábrica, o “Neguinho”, como o chamavam (...)

*Pausa para deixar claro que não era eu quem o chamava de “Neguinho”, pois considero apelidos com referências a características físicas ou a heranças raciais/culturais inapropriados, pois todos, inevitavelmente fazem apologia ao preconceito.

Dizia eu que o “Carlos” (Nome-fantasia utilizado para substituir o termo “Neguinho”) (...)

*Desculpem, é só importante explicar que o funcionário possuía, sim, um nome próprio, e eu poderia tê-lo usado, mas acabei o esquecendo, dada a freqüência de uso do apelido que vocês já conhecem e que não repetirei novamente.

Bem, o “Carlos” foi chamado à sala do presidente da companhia, um senhor, já de idade e pouca paciência.

*Ok, não quis insinuar que os idosos em geral possuem pouca paciência. Na verdade, já conheci muitos idosos com grande paciência. Apenas não os citarei neste conto específico devido à falta de adequação deles à situação que quero apresentar. Em contos futuros, porém, aproveitarei para incluí-los nas tramas.

Prosseguindo...

Aliás, pensando melhor, esta não é uma boa história. Só vale dizer que a fábrica conseguiu resolver seus problemas e atendeu satisfatoriamente à demanda de seus parceiros comerciais, tudo graças ao “Carlos”.


O FIM

sexta-feira, julho 20, 2007

Egos X Eros

Egos ama Eros ama Egos (Ai, ai...)
Mas, eles se odeiam, tanto quanto
(Nossa, já vi onde isso tudo pára)

Eros é para sempre uma criança,
Que deseja demais alguma coisa,
E Egos nunca mais será criança,
Muito por causa do princípio. (Xiii...)

Um atrapalha o outro,
Outro confunde o um.
Não sei se entendem...
Sei bem que eles não.

Bem...
Eros vive a vida loucamente
Nunca pensa, e nem pretende,
Sempre expressa o que sente,
E adora uma boa rima (Logo vi)

Enquanto Egos pensa demais, mais que constantemente
Mas, e como sempre, em não muito mais que de repente
Viu-se Egos caindo loucamente de amores (Minha gente!)
Até foi ficando mais parecido com Eros.
Quem diria que a história era assim?
(Acho que os dois já sabiam.)
Pois é, até concordo

Hummm...4, 5...


Canastra!

Escalando

Não me deixaram ser comum...

Então, quando fui bom, me quiseram ótimo
Quando fui ótimo, “deveria ter sido excelente”
E, quando fui excelente, esperaram a perfeição

Nunca o suficiente.
Montanha acima contra a avalanche
Até ser maior que a montanha, mais alto

Hoje, não consigo não fazer melhor

Boa Sorte!

Você quer mais?

quinta-feira, julho 19, 2007

Lutem!

De um lado, Márcio Shitake, do outro, o terrível americano, campeão mundial supremo de judô e também de xadrez. Igualmente físico e estratégico, ele é um adversário a se temer.

Cumprimentaram-se, e iniciaram a luta. Força, puxavam-se, tentando desequilibrar um ao outro, para encontrar um ponto fraco.

Após não muito tempo, o americano, muito bem treinado, conseguiu encaixar o dificílimo Sotto Zero, do qual seria quase impossível alguém escapar. Mas, quase nada no judô é impossível para Márcio Shitake, que, ao invés de receber o tão temido ippon, arremessou seu adversário para fora do tatame, em um contra-movimento.

Humilhado, mas ainda em condições de lutar, o americano retornou para o tatame, ajustando seu judogi, e eles continuaram o embate. O tempo corria.

O americano tentou agarrá-lo em um movimento comum de derrubada, mas Shitake estava além de seu nível e não cairia em um truque tão barato.

Shitake, porém, não encontrava sua entrada. Até que o americano tentou aplicar, ainda outra vez, o Sotto Zero.

Ora, todos sabem muito bem que um golpe não funciona duas vezes contra um lutador. Então, aproveitando a abertura, apenas momentânea, da guarda do americano, aplicou seu golpe assinatura: o Shitake Special

O americano recebeu todo o poder do Shitake Special, e sua barra de vida foi reduzida a zero. Ele ficou em pé, porém, balançando de um lado para outro, como se embriagado por sua própria destruição (Ou algo assim).

Gritou, então, o juiz:

- Finish Him!

A tela escureceu, e Shitake deu dois passos à frente, em direção a seu adversário, e aplicou sua técnica secreta: o Junidan Tameshiwari (!!!)

Em um brutal movimento de Ippon, o corpo de seu adversário foi reduzido a uma explosão de brasas em pó, tamanho foi o impacto aplicado contra o solo.

F A T A L I T Y



p.s. – Eu dou o meu ouro para a Natália Falavigna no Tae Kwon Do, e para o João Gabriel Schlitter no Judô, e fico com vergonha do Brasil, o país onde se vaia os americanos e argentinos durante jogos Pan-Americanos, e onde se é roubado em casa sem qualquer repercussão de Comitês Olímpicos, ou outros órgãos. Sem mais...

Ondas

Vêm as fluentes águas, beijar suavemente a praia,
Beijar os pés e dedos da moça, senhora da natureza,
Que invoca a garoa, ao passear, fazendo inveja da lua.
Arranca-versos e suspiros dos poetas
Inspira serenatas dos apaixonados
Suave sussurro...Quase não a vi passar...
E então eram novamente apenas ondas.

quarta-feira, julho 18, 2007

Repense algumas coisas

Adverso

Hoje eu sou melhor do que você

Hoje eu irei além do que foram seus limites

Hoje, e daqui para frente, você é um passado superado

Hoje eu alcançarei mais do que você alcançou ontem e antes

Hoje, amanhã e depois, eu serei memorável

.
..
...
Você consegue se olhar no espelho, dizer estas palavras, e acreditar?

Se ao menos eles tivessem visto a placa...

Bella Luna

O homem sussurrou à bela lua,
Que retornasse docemente à dama sua
Todo amor que a ela e dela tinha
Pois ele nunca mais o poderia

O homem sussurrou desejo ao vento
Que ele voasse gentilmente até ela
E da janela assoprasse em seus cabelos
Com carinhos que ele mesmo a faria
Se seu amor ao seu alcance estivesse

Pediu ao pássaro da manhã
Que cantasse a ela de ninar
Que ela seguisse em seus sonhos
Quase sorrindo, e tão linda
Quanto ele sempre a via (Não mais)

O homem morreria pela causa
No início da seguinte manhã triste.
Rezava que a cela, morada deste fim,
Não contivesse seus desejos e pedidos,
Pois, de tudo, pensava apenas nela,
Sempre sua paz (Apenas não mais)

sexta-feira, julho 13, 2007

Arraiar!

Olha a chuva!
(...)
Já passou!


Olha a cobra!
(...)
Já matou!


A ponte caiu!
(...)
É mentira!


O BLOG parou!
(...)
Também é mentira!


Mas, enquanto ele está em Pause, para viagem, confira os BLOGs dos links. Detalhe para a mais nova adição: Sick Bastards

Paty Pólvora

Pólvora, perfume dos guerreiros,
(Sacros, santos) pois guerreiam
E jogam sua vida à causa
Disparam intenções de conquista
E seja bem vista essa sua força

Dançam com a morte,
Resistindo a seus olhares e
Intentos, intensos (talvez demais)
Que os vicia, os baliza,
E querem mais desse veneno dos deuses

Mais e mais, mais rápido e mais forte,
Deixando que a morte conduza seus passos,
Forjando os fortes, dos ratos. De fato,
Esse era o objetivo inicial.

Um portal, aberto entre as esfinges,
Que cruzaram, para viver mais, por menos tempo

Dançando com as estrelas

Aflição. O coração do homem está disparado. Ele observa seus monitores, lembrando, relembrando, re-relembrando de tudo a fazer. Uma poderosa voz eletrônica, normalmente a voz suave do engenheiro-chefe, surge a seu ouvido, tomando o espaço de seus batimentos e respiração:

Contagem regressiva... Lançamento em: Cinco... Quatro... Três... Dois... Um

Uma brutal pressão o aperta contra a cama de lançamento do foguete. Tudo ao seu redor treme em um rugido de explosões de hidrogênio que arrancam milhares de toneladas do dispositivo e as aceleram até milhares de quilômetros por hora. Desafiam as leis da gravidade para um embate, audaciosamente, desbravadores das novas fronteiras humanas, até que escapam a elas. Cessam-se as explosões, e os tremores, os ruídos...

O explorador-astronauta se concentra em sua respiração, ofegante. Novamente seus olhos percorrem por todos os lugares ao seu redor, sem que, para isso, ele ouse se mover.

Nota que suas mãos estão fechadas com força, e começa, pouco a pouco, a relaxar seus músculos. Escute em seu comunicador:

- Terra-base para Dédalo III, você escuta? Terra-base para Dédalo III, confirme.

O astronauta estava paralisado, e gaguejou uma resposta improvisada, embora a pergunta não pudesse ter sido mais simples:

- Dédalo III aqui, no espaço.

- Dédalo III, confirme a operacionalidade dos sistemas, os cálculos de rota e posicionamento.

O astronauta se soltou de onde estava fixado, e sentiu seu corpo leve, solto no ar, ausente para a gravidade. Apaixonou-se pela sensação, e começou a circular por sua nave, flutuando, voando bem lentamente, e rindo.

Riam também os membros da equipe da Terra-Base, sentindo a emoção do homem, e sabendo que teriam que lhe dar alguns segundos.

O astronauta seguiu para o que mais lhe roubava a curiosidade, os sonhos, durante todos os anos em que quis ser astronauta, até o treinamento. A mesma visão de todas as vezes em que dormia. Sempre acordava antes que pudesse se aproximar daquela janela em direção à escuridão quase vazia do espaço e olhar para seu planeta. Queria vê-lo inteiro, queria vê-lo azul como Gagarin havia dito. Planeta Terra.

Pausadamente, quase cautelosamente, flutuou naquela direção, e fechou seus olhos pouco antes de chegar, para que já pudesse abri-los para ver sua casa. Puxou seu fôlego, reuniu sua coragem, e os abriu (...)

quinta-feira, julho 12, 2007

Rugby Style

You won't make it, unless you TRY

Conexão

Havia simplesmente algo sobre aquela mulher, algo que o tornava inquieto, alguma coisa especial, que a diferenciava da maioria das mulheres que já havia visto. Por detrás daqueles olhos, oceanos místicos que o enfeitiçavam. Bela bruxaria, drenando seu fôlego.

Sintomas de queda por ela, mesmo sem saber seu nome. Mas, afinal o que é um nome? Um nome não a define, pelo nome não se conhece. E, dentre todas as coisas que lhe tinham a curiosidade, o nome era a menor delas.

Mulher magnética, inevitável. Isto, sim, era muito real.

Queria saber das coisas que ela gostava, saber no que ela acreditava, ou ouvir sobre seus melhores momentos. Queria entender o que a fazia intrigante. Queria saber, mas tinha medo de estar enganado.

Olhos para olhos se cruzam por um momento. Uma faísca, um breve incêndio interno. Um dos momentos em que algo mais que uma atração liga duas pessoas: suas cordas estão afinadas em um mesmo tom. Os espaços onde se encontram e desencontram, sempre em uma busca pelo outro, se tornam cheios. Quem sabe eles nem se percebam, quem sabe nem sejam reais, mas sejam criados por pura vontade.


Ambos se reclinaram em suas poltronas de avião, com seus olhos voltados para cima. Separados por aquele corredor. Suspiraram, silenciosamente. Seguiram para seus destinos.

De corpo (e alma)

Algumas coisas importam, qualquer seja seu motivo, quer os demais entendam ou não. Tomamos cuidado com essas coisas, e é certo mesmo que façamos isso. A virgindade é uma dessas coisas, e por isso sempre será um tabu. Quem sabe as pessoas que não perderam sua virgindade da maneira que teriam idealizado se sentem na necessidade de desejar o mesmo para os demais. Mas...

Devemos beijar sem nenhum amor? Abraçar sem nenhum carinho? Devemos dançar sem nenhuma música? Para agradar a quem, senão a nós mesmos? Para viver a verdade de quem, senão a nossa? Uma tirania emocional de uma sociedade que quer ditar mais do que simples costumes, mas valores. Não precisamos aceitar nenhum dito, senão o nosso, porque é nossa a única aprovação de que precisamos.

Que cada pessoa que quer se guardar para alguém especial, para um dia especial, porque considera essa troca de carinho muito significativa, tenha a liberdade para escolher, sem pressão, e sem sofrer preconceito por qualquer motivo. A perda da virgindade, como tantas outras, é uma escolha pessoal, não coletiva. É apenas uma questão de maturidade que algumas pessoas tenham essa consciência.


Afinal, que a primeira vez de alguém seja de corpo e de alma, ou que não seja nenhum dos dois.

quarta-feira, julho 11, 2007

Paixão

Ele a abraçou, intensamente, quase trêmulo da vontade de roubar-lhe todos os beijos de uma só vez. Mas, começou com apenas um deles, alongado, apaixonado. Ela era dona de todas as suas intenções, ela era uma fome nunca satisfeita, um fôlego que lhe faltava há tempo demais.

Ela se entregou aos braços de seu amante, e seu corpo amoleceu do prazer de estar entregue a ele, por estar apaixonada. Sua pele sentia todo o universo ao se redor, hipersensível, quase irreal, como estar meio acordada, meio adormecida. Um calafrio permanente e perfeito.

Passaram a noite em um sonho, juntos. E, quando amanheceu, continuaram sonhando.

Adágios

Seja alguém por quem você teria grande respeito e admiração.

Nem todos os dias serão como você espera, mas alguns serão.

Liberdade é consciência, não fato.

Nunca se esqueça que você é uma engrenagem, mas com força própria.

As aparências são um truque.

A energia bem aplicada poderá gerar resultados maravilhosos.

Quem conhece bem sua própria essência desconhece suas limitações.

As pessoas duvidam de suas próprias forças, então tentam desfazer as dos demais.

Escolha bem suas vitórias, porque o primeiro e mais importante dos respeitos é o respeito próprio.

A pior forma de dependência é a dependência afetiva: são grilhões que poucas chaves conseguem abrir.

Os eventos são neutros, as interpretações são perigosas.

Pessoas comuns têm idéias comuns, amigos e companheiros comuns, vidas comuns, mas, potenciais extraordinários.

Informação é tudo...

Neste momento, eu não sei se sorrio por viver na chamada “Era da Informação”, ou se choro pela consciência de que a maioria dos meios de comunicação e dos comunicadores não é confiável.

terça-feira, julho 10, 2007

Máscaras

Contar mentiras para dizer uma verdade, usar máscaras para revelar sua verdadeira face: essa é a essência da Arte.

Do or Die! (Can you hang?)

Para todos que duvidaram do que você era capaz, que acreditaram que você não conseguiria atingir seus objetivos, que disseram palavras desmotivantes. Para um universo de pessoas cínicas, de forças contrárias, algumas palavras:

Um dia você terá as mesmas oportunidades de desacreditar alguém, de duvidar de outra pessoa, e poderá fazer diferente. Mas, até lá, ao menos por dentro, simplesmente saiba que ninguém vai parar você com uma opinião, ninguém vai mudar você com uma palavra. Tenha um vulcão interno que vai abrir caminho entre as pedras, tenha uma tempestade interna que moveria oceanos, saiba que nenhuma pancada vai derrubar você. Acredite! Acredite que o obstáculo não vai parar você, e não irá!

Se você cair, você pode se levantar. Se você perder, pode tentar de novo! O possível é uma ilusão na qual você pode ou não acreditar. Então, quando as chances forem suas, quando correr atrás de algo, quando perseguir seus sonhos, não faça o possível, faça o necessário, sem desculpas. Você tem alguma dúvida de que possui essa força?

B.B.B.

Observem: as máscaras e histórias que criam.
Pequenos pássaros, atuando de suas gaiolas,
Aguardando pedidos de seu mestre virtual.
“Bial”, o chamam, e não podem tocá-lo, senti-lo
Ou mesmo vê-lo, senão quando ele o deseja,
E permite. Mas, são observados por ele, ainda.

De hora em hora, por palavra em palavra,
Estão entregues ao julgamento de estranhos.
Rodeando sempre o círculo das cadeiras,
Sabem sempre que um ficará em seus pés,
E não consideram brincadeira esta prova.
É a sua justiça derradeira: seletiva.

Viverão pouco tempo como máscaras,
E darão lugar a outros pássaros a vir,
Apenas pássaros, mas não podem voar,
Estão presos ao solo, como este avião,
Que já demorou muito a decolar...

segunda-feira, julho 09, 2007

Caixinha do Juízo

Consciente e inconsciente, voluntário e involuntário, ativo e passivo, racional e irracional. A constante revolução dos nossos Yings e Yangs, alterando percepções, chegando a conclusões, gerando idéias.

Nossa pequena caixinha do juízo nunca absoluto, nosso pequeno refúgio onde todos se perdem: um pequeno labirinto. Um imenso labirinto. A cap... ( TILT )

(RESET)

O homem entende que pensa,
E tenta entender como faz,
Mas, só faz é pensar, nada mais
E, no mais, tudo bem?
Talvez sim, talvez, não,
O problema é a dúvida.
E, bota interrogação na pergunta!
Mas, sei lá, contanto que funcione, né...

Tribunal Santo

- Você é culpado.


- Quais as minhas acusações?! Eu não fiz nada que não tenha sido por necessidade, para sobrevivência!


- A verdadeira liberdade de escolha, a de existir em um mundo onde se pode ser honesto ou corrupto, bondoso ou cruel, misericordioso ou implacável. Você pôde ser todas essas coisas, escolher ter a vida que considerasse mais certa para você mesmo, e essas escolhas lhe trouxeram apenas desastre, mas você não pode negar que foram escolhas suas.


- Que escolha eu tive?! A de nascer com fome, com frio, com medo, por ser desamparado?!


- Não. Você escolheu tomar a comida de outros a passar fome. Escolheu tomar as vestes de outros a passar frio. Assim como houve aqueles que escolheram desperdiçar as condições que lhes sobravam, ao invés de dividi-las com os que passavam necessidade. E, vi muitos que escolheram bem. Você não era uma vítima, seu curso não era inevitável. Você não o evitou, e não evitará sua sentença.

Vida: ame-a ou deixe-a


A vida é inesperada, incontrolável.
Podemos aproveitá-la, ou sofrê-la,
Mas, não iremos mudar seu jeito.
Devemos só apurar o relacionamento

Aprender a escolher amores,
Aprender a aproveitar os dias,
Aprender a nos expressarmos,
Sempre com simplicidade,
Mas tentando não fazer o básico


p.s. – Afinal, não somos mais crianças (Ahá! Justificada a imagem!)

sábado, julho 07, 2007

Amizade

A amizade é o amor que forma equipes.

Omni

(...)

- Por quê? – gritava, Samuel, segurado pelos demais
- Demais de minhas irmãs… Estupradas. Demais de meus irmãos humilhados. Demais de minhas crianças dormindo com fome, chorando… Armas demais, falsos sorrisos demais.
- E estas crianças, elas não são inocentes?! Inocentes! Inocentes, como você era!
- Este é o melhor jeito de honrá-los? De fazer jus ao sofrimento pelo qual todos eles passaram? – perguntou, Tiro
- Não faço isso como uma homenagem, ou para provar um ponto. Faço isto para acabar com o sofrimento.
- Os seus sofrimentos ou os deles? – acusou, Samuel
- Eu sofro, sim, por cada um deles.
- Você sofre, inocente, e alheio de todas as causas. – Tiro o ironizou

(...)

07/07/07

Força para acreditar sem ver,
Inconsciente saber e sentir:
Verdades não precisam de provas
Verdades são provas em si
Sabedoria de esperar e confiar,
De não temer e ter em mente
Que o destino não tem inimigos,
E ama, igualmente, todos seus filhos
Resista à tempestade incessante,
Resista às hostis labaredas,
Saiba que não existem apenas pra ti,
Nem fazem vítimas dos que serão fortes
Arma a vigília, atenciosamente.
Pensa sobre todas as encostas,
Vitórias, empates, derrotas,
E tende cuidado de suas decisões,
Pois, de tudo, nada é aleatório,
Mas, a responsabilidade é só sua.

sexta-feira, julho 06, 2007

Heartbreaker

Alguém aqui já se apaixonou?

Estamos todos com um pedaço da alma a menos, substituído por um vazio remendado, nunca cheio. Nós nos afundamos nesse buraco negro interno, onde sufocamos, de onde não há quem possa nos salvar.

Era a nossa melhor parte: a mais inocente, a mais idealista e romântica, a mais positiva, o nosso lado criança: confiante, apaixonado, enérgico, sem pretextos, apenas pura intenção.

O primeiro amor é para sempre (uma dor de saudade)

Dínamo


Super, Super, Mega, Híper
“Mais rápido, mais rápido!”
Disse o homem da locomotiva
“Ele consegue, ele consegue!”
Ria e gritava o seu amigo louco

E aceleravam a besta de aço
A monstruosa serpente mecânica
Tremendo o chão sob os trilhos


Mais
Um…
Pouco! Só mais um muito mas terá que ser mais rápido muito mais rápido do que antes e tão rápido que quase perca o controle…Ugh!...E quase o fôlego…Vamos!

O Homem

O homem não se adapta à natureza, ele a redefine.

O homem não admira a natureza, ela a compreende.

O homem não recebe da natureza, ele a consome e explora.

O homem não teme a natureza, então ele não a respeita.

Na prática, o homem é bem menos inteligente e capaz do que se considera.

quinta-feira, julho 05, 2007

Jogos e trapaças

O homem olhou ao redor, para seus adversários, e novamente para suas cartas. Não tinha nada, então apostou tudo...

Novas gírias para o segundo semestre de 2007

Abelha – Pessoa que gosta de “polemizar” as conversas.

Churrasqueira – Cara que mantém várias meninas “esquentando” ao mesmo tempo.

Coca-Cola – Pessoa de quem todos gostam, ou que é conhecida por todos.

Pepsi – Pessoa que, na verdade, é melhor que a Coca-Cola, embora ninguém reconheça.

Garoa – Pessoa que fala, fala, e só fala mesmo. Não molha.

Rugby – Coisa ou pessoa fantástica (“Esse cara é rugby!”, “Meu, muito rugby isso!”)


É isso aí, espero que algumas delas peguem...rs

Sonhos de uma geração




Ideologia. Como tantos podem acreditar numa mesma coisa ao mesmo tempo? Uma orquestra muito bem afinada de corações: cada qual em seu tom, mas todos tocando uma mesma música. Acreditam... Acreditam tanto que pulsam juntos por isso.



Se não soubermos, nunca, explicar o porquê, que nós tenhamos a sabedoria para aproveitar esses momentos nos quais temos tantas pessoas que acreditam em algo. Tantas pessoas que estão numa mesma direção, e não umas contra outras.


Exterminador do Futuro

Exterminador do Futuro: Um pouco sobre a I.A.

Hoje, a tecnologia que possuímos apenas é capaz de anunciar seu possível alcance futuro, e as maiores mentes do homem não conseguem mais acompanhar a capacidade das máquinas de calcular em um quase instante as milhares de possibilidades que se apresentam como resposta a determinados cenários (como no xadrez, contra os computadores, que hoje não possuem mais rival de carne e osso). Hoje, em muita devido a obras de ficção científica, nós já conhecemos o perigo da Inteligência Artificial.

Diferentemente do que ocorre em filmes ou livros, porém, provavelmente nenhum de nós sequer será capaz de compreender as táticas e estratégias empregadas por nossos arquiinimigos. A capacidade de processamento de informação, a capacidade de acúmulo de informação, imediatamente acessável com uma única vontade da entidade. A integração e o cruzamento de conhecimentos avançados de ciências como a Biologia, a Química e a Física Molecular, possibilitando avanços exponenciais nas mais diversas áreas do conhecimento humano.

Conhecimento humano que não será mais humano, pois, afinal, a capacidade intelectual que será necessária para a compreensão dessas evoluções está além do tradicional potencial humano. Ou seja, se conhecimento é poder, as máquinas o teriam por completo, e mal saberíamos como isso ocorreu. Por outro lado, teríamos também, até lá, dominado muitos mistérios na neurologia e sobre a genética. Então, teremos que ver, né...

domingo, junho 17, 2007

Igor, it’s alive!

O céu daquela noite ruge e brilha, em raios e trovões, anunciando a aproximação da tempestade.

O homem corre por seu laboratório, de lado a outro, apressado, agitado. Ele sua, não por estar em movimento, mas pelo nervosismo que o toma: a incerteza, as dúvidas... “Não! Obstáculos frente a um progresso inevitável! Minhas dúvidas são traiçoeiras!”, ele pensa, tentando negar o que sente. Ele mente, mas apenas para si mesmo, e suas ações o acusam de tudo.


Ele pára frente a seu espelho, ofegante, observando a si mesmo com algum senso crítico, com reprovação, vergonha. Estático, ele toma seu fôlego, para então arrancar aquele espelho da parede onde estava pendurado: precisará dele para sua experiência. Então, subitamente, de um canto escuro, pode ouvir uma voz lhe falar:


- Com algumas coisas não devemos fazer experimentos. Existem resultados que não queremos obter, ou conhecer.


Seu pai o observava dali. Apavorado, recuou, trêmulo, quase derrubando seu espelho, mas o abraçando com força. Gritou, em uma voz que lhe falhava:


- Fantasma, deixe-me! Eu sou um homem da ciência!


A luz de um relâmpago voou pela janela adentro, para iluminar todos os espaços obscuros daquela sala: viu apenas um canto vazio. Alucinava?


Retomou sua coragem, embora não totalmente, e se apressou à conclusão de seus preparativos.

Naquela noite faria vida da morte, como imaginou, mas com repercussões inesperadas, de uma tragédia quase poética.

Perdão


- Padre, você acredita em redenção?
- Eu acredito que o homem pode perdoar e ser perdoado, sim.
- Você acredita que o homem pode perdoar a si mesmo, por algo que fez a outro?
- Sinto que algo o perturba profundamente, meu filho.
- Nada que possa ser consertado, padre. – disse, em um lamento
- Eu quero ajudá-lo, se puder, se você me deixar.
- Eu estou além da ajuda, padre. Talvez, além do perdão.
- Não há ninguém além do perdão, nenhum erro imperdoável, nenhuma pessoa que não mereça uma chance.
(...)
- Meu filho?
- Desculpe, padre, eu não deveria ter vindo. – disse o homem com choro em sua voz
O padre pôde ouvir os passos apressados do homem, que deixava a igreja, e tentou alcançá-lo. Mas, quando notou, ele já havia partido.

Uma última trincheira…


Dias do final de Outono, quando o Inverno se aproxima, condições de pouco conforto: dormindo em barracas ou salas de um colégio vazio, banheiros compartilhados. Poucas pessoas suportariam esses poucos dias voluntariamente, mas nenhuma destas “suporta” nada. Todos vieram para os dias de jogos, os dias do básico, mais importante, todos representam algo. As palavras Cásper Líbero têm algum significado para esses homens e mulheres em construção. É lá que eles estão sendo construídos, como seres humanos e como profissionais. Passam seus dias por lá, fazem amigos naqueles corredores, e aprendem sobre a vida. Mais ainda do que isso: vivem.

Dias de jogos, para equipes, para torcidas, para que a bateria toque suas músicas. Tambores de guerra. Pulsos de veias, espíritos. Suor corre na disputa por um centímetro, por uma vantagem, por uma vitória. Não competem apenas pelo jogo, competem por tudo que são, por seus professores e treinadores, por seus amigos. Ano após ano, vivem para sempre. De ano em ano, a cada fim de Outono, a cada translação, mais uma guerra, e uma chance de provar a nossa superioridade, e de conquistar pelo esforço, pela união, o respeito de todas as demais casas. No JUCA!