sexta-feira, julho 13, 2007

Dançando com as estrelas

Aflição. O coração do homem está disparado. Ele observa seus monitores, lembrando, relembrando, re-relembrando de tudo a fazer. Uma poderosa voz eletrônica, normalmente a voz suave do engenheiro-chefe, surge a seu ouvido, tomando o espaço de seus batimentos e respiração:

Contagem regressiva... Lançamento em: Cinco... Quatro... Três... Dois... Um

Uma brutal pressão o aperta contra a cama de lançamento do foguete. Tudo ao seu redor treme em um rugido de explosões de hidrogênio que arrancam milhares de toneladas do dispositivo e as aceleram até milhares de quilômetros por hora. Desafiam as leis da gravidade para um embate, audaciosamente, desbravadores das novas fronteiras humanas, até que escapam a elas. Cessam-se as explosões, e os tremores, os ruídos...

O explorador-astronauta se concentra em sua respiração, ofegante. Novamente seus olhos percorrem por todos os lugares ao seu redor, sem que, para isso, ele ouse se mover.

Nota que suas mãos estão fechadas com força, e começa, pouco a pouco, a relaxar seus músculos. Escute em seu comunicador:

- Terra-base para Dédalo III, você escuta? Terra-base para Dédalo III, confirme.

O astronauta estava paralisado, e gaguejou uma resposta improvisada, embora a pergunta não pudesse ter sido mais simples:

- Dédalo III aqui, no espaço.

- Dédalo III, confirme a operacionalidade dos sistemas, os cálculos de rota e posicionamento.

O astronauta se soltou de onde estava fixado, e sentiu seu corpo leve, solto no ar, ausente para a gravidade. Apaixonou-se pela sensação, e começou a circular por sua nave, flutuando, voando bem lentamente, e rindo.

Riam também os membros da equipe da Terra-Base, sentindo a emoção do homem, e sabendo que teriam que lhe dar alguns segundos.

O astronauta seguiu para o que mais lhe roubava a curiosidade, os sonhos, durante todos os anos em que quis ser astronauta, até o treinamento. A mesma visão de todas as vezes em que dormia. Sempre acordava antes que pudesse se aproximar daquela janela em direção à escuridão quase vazia do espaço e olhar para seu planeta. Queria vê-lo inteiro, queria vê-lo azul como Gagarin havia dito. Planeta Terra.

Pausadamente, quase cautelosamente, flutuou naquela direção, e fechou seus olhos pouco antes de chegar, para que já pudesse abri-los para ver sua casa. Puxou seu fôlego, reuniu sua coragem, e os abriu (...)

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