quinta-feira, julho 26, 2007

Fogo!

Voam, velozes, os caças. Seus pilotos estão preparados para a incursão em territórios hostis.

- Olho-de-Águia, aqui é Ciclone, você copia?

- Alto e claro, Ciclone.

- Vamos voar baixo, a inteligência nos informou da possível localização de uma base inimiga há poucos cliques daqui.

- Neblina também confirma.

Os três pilotos cessaram comunicação. Observavam um céu azul à sua frente, tão calmo.

Subitamente, viram entre as árvores um espaço aberto, aberto demais para ser natural. Passo a passo, eles começaram a se preparar para o bombardeio: conferindo suas coordenadas, ajustando seus sistemas de mísseis.

Concentrados, os pilotos mantinham seus jatos em curso, mantendo a formação, e calculando a trajetória que deveriam tomar após lançarem suas bombas. Bombas incendiárias, sempre uma espetáculo a parte quando visto de uma distância segura. O ponta engatou seu míssil para lançamento, notificando os companheiros.

Lançamento. O ponta disparou, e os dois asas o seguiram imediatamente. Então, puxaram seus manches com força e saíram da área de explosão.

Chamas. Um som agudo do vento que se aquecia e subia, trazendo consigo uma coluna cogumelo de brasas, fumaça vermelha e negra.

Missão cumprida, eficazmente. A noite será de festa na base.

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Andam, calmamente, os cidadãos da vila. Seus habitantes preparavam o campo que irão semear.

- Pai, como as plantas crescem?

- Elas puxam energia da terra.

- Como elas cabem dentro dessas sementes pequenininhas?

- É uma boa pergunta, mesmo. – disse o tio da criança, a seu irmão

Ambos os adultos riram, e continuaram seu trabalho. Sentiam uma brisa suave em seus rostos suados, tão revigorante.

Subitamente, escutaram um som crescente, como um pequeno tremor, mas vindo do céu, de certa direção. Um a um, eles o escutaram, e logo souberam do que se tratava: largaram suas ferramentas e correram!

Desesperadas, as pessoas da vila corriam sem direção, talvez para as árvores, talvez para suas casas. Algumas dessas pessoas gritavam, algumas dessas pessoas tropeçavam, outras se esbarravam. O homem segurou seu filho nos braços e correu, ao lado de seu irmão, sem nada a dizer, sem tempo para dizer.

Lamentos. Os dois irmãos se olhavam, e já sabiam que aquela era seu último momento. O homem abraçou seu filho com mais força.

Chamas. Um grito agudo da criança que chorava nos braços do pai, que também queimava como sua vila, sua casa, e tudo que jamais teve.

Acabou para eles, tristemente. O dia seguinte verá apenas carvão.

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