quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Tempestade – Parte 5/5

O dono da casa descia a escada em direção ao homem caído, passando a lâmina da faca pelo corrimão.

Sssssssssssssssssssssssss...

- Algum problema, amigo? – perguntou – Por que está chorando?

O pobre homem assustado, a vítima da situação, tentava se arrastar, usando apenas seu braço esquerdo e seu pescoço. Muito esforço, ele grunhia, e se movia apenas centímetros.

Desistiu, no instante em que aquele psicopata chegou a ele, e se agachou em sua frente.

- Ah, você já queria ir embora? Mas, é tão cedo.

O homem, de cócoras, o observava em sua situação deplorável. Inclinava sua cabeça, de forma condescendente. Disse, apontando-lhe a faca:

- Você não parece bem. Vamos testar esses reflexos.

E o esfaqueou em uma das pernas. - Tchuk

- Aaaahhhh... Há-hããã... – gritou de dor, e então aumentou seu choro - Pare, pare, por favor. – implorou, babando

- Só mais uma vez.

Tchuk... Então, aumentaram a luz. Seus olhos doíam, e seu corpo muito mais. Um enfermeiro à sua frente. E, ouviu o enfermeiro dizer:

- Doutor, ele acordou.

Não conseguia se mover. Um médico apareceu frente a seus olhos, que ainda se acostumavam com o ambiente. Esse médico apontou, ainda, uma luz contra esses olhos. Incômodo. Então, o médico disse:

- Marcos, siga meu dedo. – (...esquerda...direita...) – Você sabe onde você está?

Silêncio. O doutor limpou sua garganta.

- Você esteve envolvido em um acidente de carro. Estava chovendo muito, e você foi atropelado quando saía de seu carro. Você teve 23 ossos quebrados por todo o corpo, algumas fraturas expostas. Nós operamos você, mas você esteve em um semi-coma, nos últimos três dias. Estávamos testando as suas respostas motoras, bem quando você acordou.

Dor. Sua expressão o demonstrava. O doutor lhe disse:

- Bem, deixaremos você descansar, então. Não se preocupe, você está bem cuidado aqui. E, é natural que você tenha pesadelos, causados pela oscilação do efeito dos sedativos, e pela dor, mas não se preocupe, eles serão menos recorrentes com o passar do tempo.

O médico e o enfermeiro deixaram o quarto, e apagaram a luz. O conforto foi apenas para os olhos. Um nervosismo de impotência o tomou, seus olhos corriam por todos os cantos. Ainda assustado. E viu, sem saber se sua mente lhe pregava peças, algo se mover, uma sombra, e concentrou sua visão naquela região.

Ele quase pôde ver uma silhueta negra, na escuridão daquele quarto de hospital. Quase a ouviu dizendo:

- Não, não se preocupe, amigo. Durma. Você também tem quem lhe cuide quando dormir. – riu dele - Em novas versões da mesma história...


(...)

2 comentários:

Carolina Teixeira disse...

Imaginei tudo...que sufocoooo!!! Esse não pode ser o 5/5...continueee!!!

Rackel disse...

Caraca... aí, vc tem q reescrever essa historia varias vezes, em forma de pesadelo ou alucinações decorrentes dos sedativos!!! Como o kundera fez em 'a insustentavel leveza do ser'!

Mto bom, garoto!

bjs