segunda-feira, fevereiro 04, 2008

ICARUS

O homem sonhou, como sempre fazia.

Que estava mais leve do que as nuvens

E era levado d’Oeste ao Leste, Sul-Norte,

Em correntes de alísios, sua cama macia,

D’onde ele via o mundo em cidades e caras,

Nasceres e pores-do-sol, vida e muitas culturas

Mares de azul, e lugares de verde horizonte.

Toda a beleza o surpreendeu. (Isso é real?)


Acordou ainda à noite, e saiu a olhar para o céu,

Onde miríades de estrelas brilhavam a ele,

Convidando-o a retornar para vê-las de perto,

Para nadar entre correntes cósmicas (e cometas!),

Desvendar mistérios e aventurar-se como nunca fazia

Desde os seus dias de criança, quando tinha toda certeza

De que o mundo era só mais um de seus muitos brinquedos

E tudo em que pensasse era possível. (Ah, devaneio...)


Mas, devaneio bom, sonho bom!

Cansava-se de nunca poder nada!

Cansava de ter sua vida embalada

Por tantos hinos de negação!


Ah... Ele precisava saber que podia,

Mesmo que estivesse enganado,

Mesmo que ele fosse levado

A seu final derradeiro: extinção...


O homem retornou à infância

A criança começou seu projeto,

Ascendeu às nuvens, e foi para além delas,

Para terras de luzes e astros milhares,

Altares de práticas maravilhosas,

Onde foi para si mesmo o professor.

E, naquela hora derradeira de ensino,

Pagou com tudo que possuiria.

Mas, era tudo o que precisava saber.

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