segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Da natureza do Amor

Não é uma coisa simples: verbalizar sobre algo tão imaterial que nunca se enxergue senão seus efeitos, mas tão real que redefina todo um mundo, ainda que aos olhos de alguém. Mas, posso dizer do que pudemos ver, do que pudemos ler e experimentar. Posso verbalizar do concreto, e posso perceber como ele arranha esse universo de éter, que poderia ser perfeito, se sozinho.


As artes sempre nos ensinaram que o amor é unilateral, irrecíproco, sofrimento, às vezes até aleatório. Sempre nos mostraram a separação, ou a impossibilidade do contato. Os quadros de histórias clássicas, as músicas tristes que apelidamos de românticas, os livros pessimistas que chamamos de realistas, mesmo os filmes lindos onde nada ocorre por vontade e disposição, mas sempre de forma alheia aos envolvidos. Sempre nos ensinaram que o amor é mais tristeza do que alegria, e aprendemos a amar assim, esperando o pior, com restrições. Sempre nos ensinaram que o amor é maior do que os amantes, que estão apenas sujeitos aos desígnios de suas histórias, para bem ou mal, e aprendemos o não-esforço.


Além de tudo isto: As pessoas descuidadas, que com suas inconseqüências nos drenaram a vitalidade. Essas pessoas que criaram um amor distorcido e cujas ações terão conseqüência para frente, e dali para frente, e dali para frente, sempre em extensões, de pessoa em pessoa, de mal em mal, corrompendo as possibilidades de felicidade de muitos outros com mágoas e trágicas lições.


Essa desesperança, essa sensação de que no amor não há felicidade que não venha pronta, pelo destino, condicionou os relacionamentos de muitas pessoas, e muitas pessoas esqueceram que o amor é cultivado, que relacionamentos são construídos, e que o seu valor é provado e melhorado todos os dias, a cada momento, em todas as pequenas coisas.


A natureza do amor é a de ter uma pessoa para quem gostaríamos de criar um mundo melhor, mas mais do que isso: para quem estamos dispostos a realmente tentar, esperando sempre o melhor e em um ato de fé cega, como se nossas histórias nunca tivessem nos falhado, e como se pudéssemos qualquer coisa. O amor é um imortal que pode ser morto, é um sempre-crescente que deve ser cultivado, um movimento. O amor é o que fazemos dele, mais do que tudo o que ele fez, faz ou fará de nós.




*Por amor, recomeço a escrever sempre. Afinal, não há tempo a se perder, para nada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bonito, acabei de dar uma espiadinha no seu blog... :) Achei o maximo este texto!
Vc expressou, perfeitamente, os verdadeiros sentimentos sobre o amor... Obrigada por me ensinar tantas coisas positivas. E, acreditar que nada é impossivel.
Amo vc! Babybeijos