segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Pequenos sapatinhos vermelhos


Um senhor, a quem a velhice parece exceder os anos, senta a uma mesa de uma praça de alimentação em um centro comercial. Senta-se pesado, por todas as coisas que carrega por dentro. Suspira. Então, apóia seu rosto em suas palmas, e cotovelos na mesa. Até que uma pessoa lhe capta a atenção, alguém que caminha até ele.

Uma mulher, pobre de tudo, mesmo de ânimo, vem em sua direção, tímida, maltrapilha, carregando à sua frente uma sacola grande, gasta de uso. Ela pára a seu lado e lhe diz, envergonhada:

- Moço, uma ajuda, eu estou vendendo isto aqui, qualquer trocado ajuda. – e abre a sacola a ele

A sacola? Cheia de velhos sapatos para crianças ou bebês, todos usados até a quase inutilização. E, ainda assim, por pena da pobre mulher, compaixão, ele os olhou com carinho e interesse.

- Olha só, que bonitinhos. E, fico agradecido, mas já que não sou mais tão “moço” assim. – ela riu

Apenas velhos sapatinhos.

Então, o cansado homem, viu, após pouco procurar, em meio à sacola, um par peculiar. Choque, seu coração acelerava, um frio em seu estômago. Eram dela, eram os sapatinhos de sua pequena! Ela quis muito, sonhou muito, com aqueles sapatinhos. Mas, ela não estava ali para colocá-los. Ele não a via em nenhum lugar, apenas por suas sempre saudades.

O senhor começou a chorar por essas sempre saudades, pobre homem.

Era tarde demais para dar a ela aqueles sapatinhos vermelhos. Apenas tarde demais.

Um comentário:

Rackel disse...

Q sensação ruim essa do 'tarde d+', não é?!
Deu angustia esse post... mas fez pensar tb.

bjs