(Antes de prosseguir, leia a parte 1)
Lia, quase que apressadamente, e como se não notasse a presença de seu neto, puxou outro chocolápis da caixinha que segurava, o desembrulhou e comeu de uma só vez.
Piscou, apenas, e quando abriu seus olhos estava no quarto de hospital, com seu marido internado. Ele estava bem, sorrindo, havia melhorado. A sua filha estava ali, ao seu lado. Lia se lembrava com muita tristeza de ter saído para tomar um café, e de ter voltado tarde demais, voltado para uma correria de médicos e enfermeiras. Sua filha, observando o estado catatônico da mãe a observar o pai internado lhe perguntou:
- Tudo bem, mãe? A senhora não vai tomar seu café?
- Não, não, tudo bem. – respondeu, assustada, quase engasgando o choro – Vou ficar aqui mais um pouco.
Trêmula, puxou uma cadeira, e sentou-se perto do marido.
- Tudo bem, Lia?
- Tudo, tudo... – mas, chorou, e perguntou a ele – Você está bem, não?
- Com você aqui, eu estou ótimo. – sorriu – Não se preocupe, logo menos estaremos em casa, de novo.
Mas, ela sabia que não era verdade. Apenas queria estar ali para vê-lo uma última vez. Deu em Otávio um último beijo, e ficou segurando sua mão, apertado, durante os minutos que se passaram. Chorou, como chorou na primeira vez, mas em antecedência.
O tempo no passado acabou escorreu lentamente por suas mãos, e acabou, e Lia foi trazida de volta ao hoje.
De volta ao ponto de ônibus, Lia continuava a chorar. Luquinhas, pequeno, começou também a chorar. Lia, afobada, comeu outro chocolate...
E, estava de volta a sua casa, assistindo a novela, quando tocou o telefone. Sua filha Carla, ainda pequena naquela época, atendeu ao telefone imediatamente, bem como Lia se lembrava:
- Alô! (...) Mãe, é a tia Elisa, ela quer falar com você.
Lia se lembrava de ter dito que estava ocupada: queria assistir a novela, e se cansava dos assuntos tristes e reclamações da amiga viúva. Correu até o telefone desta vez:
- Alô, Lisa, fale comigo.
- Eu só queria conversar um pouco... – disse a amiga, que aparentemente estava chorando
- Está tudo bem, vai ficar tudo bem. Quer vir aqui para conversar? – disse Lia, que engolia o choro, pois Carlinha brincava com as bonecas ao seu lado
- Não... – respondeu, gaguejando
- Eu vou até aí, então. – ela disse
- Não, acho que não temos tempo... – e a amiga perdeu as palavras ao choro
E, também, Lia, que apenas disse:
- Elisa...
Durante algum tempo, apenas choraram ao telefone, antes que decidissem falar qualquer coisa.
Elisa já havia tomado as pílulas quando lhe ligou, não havia o que fazer. Lia apenas teve a oportunidade de trocar algumas palavras finais com a amiga, e de sofrer a sua morte novamente.
Sofreu, e sofreu, até estar sentada, aguardando seu ônibus ao lado de seu neto.
(...)
2 comentários:
Bonito,
Esta terceira parte foi triste, mas a vida nao é feita só de alegrias, né?! rs
Mas, tenho certeza que no desfecho final, voce trará muitas surpresas (de todos os tipos), para seus leitores, daqui! :)
Babybeijos
Parece q a morte é mesmo a única coisa de q não podemos escapar, não é mesmo?!
ah, andei lendo (e comentando tb)alguns de seus posts mais antigos ('Tempestade' por exemplo)... acho q vc deveria continuar aquele texto em particular...
rs
bjs e até o prox 'capitulo' de de 'Chocolápis'
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