Pedro olhava a vitrine. Olhava as roupas dos manequins daquela loja fechada. Era noite, e não chovia. (Por que isso era relevante?)
O que eram as cicatrizes de suturas por todo seu corpo, braços, mesmo rosto? Não reconhecia seu reflexo, nem tinha certeza se seu nome era realmente Pedro. Esse era o nome que lia no macacão que usava.
Seu corpo todo doía, MUITO, por dentro e por fora.
Wooosshhh... Um súbito pé-de-vento lhe passou, deixando arrepios
A rua estava vazia, e seus postes luminosos alternavam entre os acesos e os apagados, que criavam zonas de total escuridão.
Sinistro.
Toc-Toc-Toc!, estourou um som bem onde estava, e seu coração disparou como mil rajadas
- Saia da minha vitrine! – gritou um homem do lado de dentro
- Desculpe. – disse, baixo, baixo demais para que o homem o ouvisse, e seguiu caminhando
Para onde ia? Não sabia. Apenas sabia da dor que corria por seu corpo, e que sentia ao menor tremor de cada de seus passos.
Ti – tu – titi – tu ... Ti – tu – titi – tu ... tocou um celular, de algum lugar próximo dele.
Olhou ao redor...
Ti – tu – titi – tu ... Ti – tu – titi – tu ...
O som vinha do bolso do macacão.
Olhou o nome na tela: Marcos. Não atendeu. Não sabia quem era, não saberia o que dizer. Rejeitou a chamada.
- Gostei do toque. – ouviu alguém dizer, em tom de brincadeira
Óu óu... veio o som do alarme de um carro sendo desligado, e o veículo sendo destrancado, e com aquele som: o brilho rápido dos faróis
O quê? Onde? Como?
Um homem surgiu da escuridão: Ele trajava um suéter azul claro, e uma calça social.
Um carro, aparentemente, já estava ali na rua, estacionado ao lado de onde estava.
- Perdido, amigo? – o homem perguntou, devido à expressão desnorteada de Pedro
- Não sei. Não me lembro. – respondeu
- Você está bem? – aproximou-se o homem – Escute, se você quiser, eu posso deixar você em um hospital.
- Eu acho que gostaria... – respondeu, já quase nauseado pelas dores
- Vamos, então. – disse o homem
TRIC! – abriu-se a porta
Entrou no carro.
TRÔC! – fechou-se a porta
Pedro, com um frio em sua barriga, apenas encostou sua cabeça na janela fechada do lado do passageiro, e ficou a observar a cidade deserta daquela noite.
De alguma forma, ele sabia que a calmaria não duraria.
(...)
3 comentários:
Isso me lembra o 'tempestade', heim!
rsrs
Hahahaha... E não foi justo a srta. quem solicitou a continuação? ;)
kd a continuaçãooo??????
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